O mercado de veículos usados e seminovos em Goiás começou a dar sinais de fôlego após meses de retração contínua nos preços. Dados do Índice Webmotors revelam que a desvalorização média no estado foi de 0,62% em outubro, desaceleração em relação ao mês anterior, quando a queda havia sido de 0,87%. Embora ainda negativa, a variação indica que o setor pode estar entrando em uma fase de estabilização — movimento contrário ao observado no cenário nacional.

Goiás desacelera queda enquanto país intensifica desvalorização

Enquanto Goiás reduziu o ritmo de queda, o Brasil intensificou a desvalorização, passando de -0,47% para -0,55% entre setembro e outubro. Para especialistas, o resultado goiano pode sinalizar um ajuste natural dos preços e até uma leve recuperação da demanda. “O mercado goiano segue a tendência de desvalorização esperada para o segmento de usados, mas em um compasso mais suave. É possível que fatores regionais, como sazonalidades específicas e maior demanda local, estejam ajudando a sustentar os preços”, afirma Mariana Perez, CPO da Webmotors.

Brasil vive aquecimento recorde nas vendas

O movimento ocorre em um contexto nacional de forte aquecimento nas vendas. Segundo a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), o Brasil está prestes a quebrar o recorde absoluto do setor. A marca histórica de 15,7 milhões de unidades vendidas em 2024 deve ser superada já em novembro de 2025, com projeção de 18 milhões de veículos comercializados até o fim do ano.

Números acumulados reforçam otimismo do setor

O desempenho acumulado até outubro reforça o otimismo: foram registradas 15.244.066 transferências de propriedade, alta de 17% em relação ao mesmo período de 2024. Em outubro, o mercado movimentou 1.765.539 unidades, crescimento de 4% sobre setembro. A média diária foi de 76.763 veículos, uma das maiores da série histórica.

Para o presidente da Fenauto, Enilson Sales, o cenário confirma a força do setor. “O segmento vem apresentando uma excelente performance desde o início do ano e deve acelerar as vendas nos últimos meses. Devemos fechar 2025 com o maior volume já registrado desde que iniciamos a contabilização dos resultados”, afirma. Ele destaca que os seminovos e usados consolidaram-se como “a opção mais sólida e vantajosa para o consumidor brasileiro”, especialmente em um contexto de crédito mais restrito e picos de preços nos modelos 0 km.

Crescimento nacional é consistente apesar de pequenas oscilações

O crescimento também se reflete nos dados acumulados até setembro, quando as vendas de usados avançaram 15% na comparação anual, saltando de 7,25 milhões de unidades em 2024 para 8,34 milhões em 2025. Embora julho e agosto tenham apresentado números muito fortes, setembro registrou uma ligeira queda de 1,9% em relação ao mês anterior, mas ainda assim um expressivo avanço de 25,1% frente ao mesmo período do ano passado.

Quando consideradas todas as categorias de veículos usados — incluindo motocicletas, caminhões e comerciais leves —, o acumulado do ano atingiu 13.478.486 unidades, aumento de 16,4% sobre 2024. Com pouco mais de dois meses restantes para o encerramento de 2025, a Fenauto projeta que o total deve chegar entre 16 e 17 milhões, superando com folga o recorde anterior.

Estabilização em Goiás pode influenciar retomada local em 2026

O movimento de desaceleração da desvalorização em Goiás acontece justamente enquanto o país vive um pico de demanda. Para os revendedores goianos, o cenário pode representar um ponto de virada. Com preços mais estáveis, o consumidor tende a se sentir mais seguro para negociar, e o lojista ganha previsibilidade para recompor estoques. Especialistas apontam que, caso o ritmo se mantenha, Goiás pode ver uma retomada mais rápida das margens de lucro ao longo de 2026.

Em meio ao avanço das vendas, alguns modelos seguem dominando o mercado nacional, como a Honda CG 160, que lidera o ranking dos mais transferidos no país. O comportamento desses modelos de grande circulação também influencia a formação de preços e a dinâmica regional do setor.

Mesmo com oscilações de valor e cenários distintos entre os estados, uma tendência se consolida: o mercado de usados permanece como um dos pilares mais fortes do setor automotivo brasileiro, sustentando volume, liquidez e preferência do consumidor — e Goiás começa a se alinhar novamente a essa curva de estabilidade.