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domingo, 14 de dezembro de 2025
Economia

Calor extremo eleva consumo de energia em Goiás, mas rede se mantém estável

Equatorial Goiás registra alta histórica de 14% no consumo residencial em outubro, acionando manobras operacionais para manter equilíbrio do sistema

Letícia Leitepor Letícia Leite em 19 de novembro de 2025
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No campo, irrigação e pivôs centrais impulsionam demanda energética em meio ao clima irregular. Foto: Divulgação/Equatorial

O calor extremo que marcou outubro de 2025 em Goiás não apenas trouxe sensação térmica próxima dos 40°C e umidade em níveis críticos: também provocou um salto histórico no consumo de energia e pressionou diferentes setores da economia. Dados da Equatorial Goiás mostram que o consumo residencial subiu 14% em relação a setembro, alcançando média de 240 kWh por unidade, o maior índice já registrado para o mês e acima do recorde de 2024.

O cenário de temperaturas elevadas ampliou o uso de ar-condicionado, ventiladores, freezers e outros equipamentos de refrigeração em residências e comércios. Segundo Roberto Vieira, superintendente técnico da Equatorial Goiás, a distribuidora enfrentou o período com monitoramento reforçado e respostas rápidas do seu Centro de Operações Integradas (COI), sediado em Goiânia.

“A rede estava preparada, como todas as nossas equipes  de campo da nossa Central de Operações que monitora as condições do sistema 24 horas por dia. Em regiões em que a demanda sofreu um aumento expressivo nossas equipes realizaram manobras utilizando equipamentos telecontrolados, permitindo o rebalanceamento das cargas e mantendo o sistema equilibrado”, afirmou.

Mesmo com o salto no consumo, a empresa não identificou crescimento fora do padrão nas ocorrências de falhas, quedas ou oscilações. Vieira atribui esse desempenho ao avanço constante do plano de manutenção e aos investimentos realizados desde o início da concessão. “Isso é fruto dos esforços contínuos de manutenção e investimentos que a concessionária tem feito desde a sua chegada a Goiás no final do ano de 2022”, disse.

O executivo destacou também que a operação em períodos críticos exige acompanhamento contínuo da capacidade da rede. “Monitoramos e reagimos utilizando as melhores tecnologias do setor elétrico. Técnicos e engenheiros operam o sistema 24 horas por dia, sete dias por semana”, explicou.

A distribuidora afirma que mantém um fluxo permanente de obras e melhorias. Apenas no terceiro trimestre de 2025, mais de 140 mil obras estavam em andamento — 54 mil já concluídas, distribuídas pelas regionais Centro, Sul, Sudoeste, Norte e Nordeste. Investimentos que, segundo a empresa, somam R$ 5,8 milhões por dia desde o início da concessão.

Além da demanda maior, os clientes também sentiram o efeito da bandeira tarifária vermelha patamar 1, acionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em razão da estiagem e da necessidade de uso de termelétricas. O adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos pressiona ainda mais as faturas no período em que a procura por refrigeração é inevitável.

Goiás: no agronegócio, irrigação impulsiona consumo

Se nas cidades o calor pesa sobre ar-condicionados e geladeiras, no campo o impacto é ainda mais direto. De acordo com Leonardo Machado, analista técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o maior reflexo do aumento de consumo no setor agropecuário está na irrigação.

“O que mais se destaca é o uso de pivôs centrais em lavouras que fizeram o plantio mais cedo e passaram por períodos longos sem chuva. Então essas lavouras que possuem pivô central acabam fazendo uma irrigação mesmo nesse período de chuva, é o que eu chamo de irrigação de salvamento”, explicou.

Machado ressalta que culturas sensíveis e sistemas produtivos como granjas também mantêm um alto nível de demanda elétrica. A climatização desses ambientes é fundamental para evitar perdas, e o calor impõe um uso contínuo de ventiladores, exaustores e equipamentos de resfriamento. 

A elevação no consumo e no preço da energia também chegou com força às empresas. Segundo Rubens Fileti, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), dois pontos preocupam o setor: o custo direto e o risco de instabilidade no fornecimento.

Ele destaca os segmentos mais sensíveis ao calor e ao aumento da demanda elétrica: indústrias de alimentos e bebidas, setores farmacêutico, de saúde e cosméticos, shopping centers, atacarejos e varejo de grande porte, com climatização pesada, data centers, tecnologia e serviços corporativos e restaurantes de grande porte.

Ele observa, porém, que mesmo com o cenário extremo deste ano, o volume de reclamações não aumentou em relação a anos anteriores. “Tivemos questões como quedas, interrupções e incêndios que ocorrem com maior frequência na seca, dentro de um cenário também previsto”, disse.

Com o avanço do calor, a proximidade das férias e o consumo naturalmente mais alto entre dezembro e janeiro, a perspectiva é de que a demanda continue elevada. A Equatorial afirma estar preparada, apoiada em monitoramento constante, expansão da rede e ações preventivas que seguem em execução.

Com a expectativa de novos períodos de calor extremo, tanto o setor produtivo quanto o campo e os consumidores residenciais devem continuar enfrentando maior pressão sobre o uso de energia. A Equatorial afirma que está ampliando investimentos e obras para reforçar a resiliência da rede, enquanto entidades econômicas pedem segurança energética como condição para competitividade.

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