Carros elétricos avançam no país e atingem 126 mil vendas em 2025
Mercado de carros elétricos dispara e chega a 9,4% do setor automotivo
O mercado brasileiro de veículos elétricos entrou em um ciclo acelerado de expansão. A princípio, dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que o setor registrou crescimento de 89% em 2024, com 177.358 unidades emplacadas, contra 93.927 no ano anterior. Sendo assim, o ritmo se manteve forte em 2025. De janeiro a agosto, já foram vendidos 126.087 veículos eletrificados, o que garante participação de 9,4% no mercado automotivo leve nacional. Em maio, o país alcançou 16.641 unidades comercializadas em um único mês, consolidando recordes consecutivos.
Infraestrutura de recarga em expansão
O avanço da infraestrutura de recarga é um dos pilares desse crescimento dos veículos elétricos. A rede de pontos públicos e semipúblicos vem aumentando em ritmo acelerado, com expansão superior a 50% em um ano. O país já ultrapassa 16 mil eletropostos instalados, com aumento expressivo dos carregadores rápidos, essenciais para ampliar a autonomia percebida pelo consumidor. A princípio, a interiorização desses equipamentos também ganha força, já presente em mais de mil municípios. Isso reduz a dependência dos grandes centros e incentiva viagens mais longas com veículos movidos a bateria.

Tecnologias e modelos mais competitivos elétricos
O mercado também evolui em diversidade. Os modelos híbridos flex se consolidam como porta de entrada para consumidores que buscam economia sem depender exclusivamente da eletricidade. Os híbridos plug-in avançam com rapidez, enquanto os 100% elétricos vêm ampliando participação mês a mês. Os veículos eletrificados, quando comparados aos motores a combustão, apresentam melhor eficiência energética, menor custo de manutenção e quase nenhuma emissão de ruídos ou poluentes locais. Em motores tradicionais, apenas cerca de 30% da energia gerada se converte em movimento, devido ao calor e ao atrito; já nos elétricos, o aproveitamento é significativamente maior.

Desafios ambientais e estruturais
Apesar do ritmo acelerado, especialistas apontam obstáculos importantes. Segundo Gyovanna Alves e Silva Oliveira, coordenadora do curso de Engenharia Mecânica da Faculdade Anhanguera, é necessário considerar toda a cadeia de produção, desde a extração de matérias-primas até o descarte das baterias. A docente destaca que ainda existem impactos ambientais relevantes nesse processo. Propostas de reaproveitamento — como uso das baterias em sistemas de energia estacionária — ajudam a prolongar a vida útil dos componentes, mas não eliminam totalmente a preocupação com resíduos. Além disso, o país ainda enfrenta a necessidade de ampliar sua infraestrutura de recarga e diversificar modelos com preços mais acessíveis ao consumidor médio.
Incentivos e movimento do mercado
A adoção do veículo eletrificado também se relaciona a políticas públicas estaduais, que incluem isenções ou reduções de IPVA, descontos em taxas e programas voltados à descarbonização. Estados como Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Paraná oferecem benefícios que fortalecem o interesse do consumidor. Paralelamente, fabricantes ampliam portfólio com modelos mais baratos, fábricas anunciam investimentos e empresas de energia entram no setor para operar redes de recarga. Esse conjunto cria um ambiente mais favorável ao crescimento estruturado da eletromobilidade no país.
Tendência de consolidação
Mesmo diante das barreiras, especialistas apontam que a consolidação é inevitável. A demanda cresce a cada ano, sustentada por políticas de incentivo, maior oferta de modelos, mais eletropostos e mudança no perfil do consumidor. Para Gyovanna Oliveira, a tendência é clara: “Os números mostram que o interesse dos brasileiros cresce de forma contínua. Com novos modelos, preços mais competitivos e campanhas de conscientização, os veículos elétricos devem ocupar cada vez mais espaço no mercado automotivo nacional”, afirma.
A princípio, o Brasil passa por uma transição gradual, mas consistente. O setor já demonstra capacidade de gerar novos negócios, atrair investimentos e transformar a matriz de mobilidade. Por fim, com um mercado que cresce quase 90% ao ano e infraestrutura em franca expansão, a eletromobilidade deixa de ser futuro e passa a ocupar posição central no presente da indústria automotiva.