O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), permanece internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após apresentar um episódio de arritmia cardíaca na tarde de sábado (22). Segundo boletim divulgado pela médica responsável, Dra. Ludhmila Hajjar, ele está consciente, estável e evoluindo bem, mantendo-se sob monitorização contínua enquanto aguarda a realização de uma ablação, procedimento programado para ocorrer nesta segunda-feira (24).

Embora o governo não tenha informado qual tipo específico de arritmia foi diagnosticado, o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza, reforça que o termo abrange um extenso conjunto de distúrbios do ritmo. Ele explica que a arritmia ocorre quando o coração “sai do ritmo normal” determinado por seu sistema elétrico interno. Esse sistema, segundo ele, funciona como a “fiação elétrica de uma casa”, conduzindo os impulsos que coordenam os batimentos cardíacos. “Qualquer situação que saia dessa normalidade é uma arritmia cardíaca”, afirma.

É justamente nesse sistema elétrico e nos focos que provocam alterações, que a ablação atua. O cardiologista explica que, antes do procedimento, o paciente passa por um estudo eletrofisiológico, exame invasivo que mapeia a origem da arritmia por meio de catéteres inseridos pela via vascular até o interior do coração. 

“Uma vez identificado esse foco, você pode fazer um procedimento chamado ablação, que é quando você utiliza catéteres posicionados ali para mapear essa arritmia do coração e por radiofrequência você vai ablacionar, você vai queimar, fulgurar esse foco de arritmia”, detalha.

Segundo ele, quando o foco é eliminado, o local responsável pelo distúrbio deixa de existir. Em muitos casos, isso resulta na cura definitiva da arritmia. Em outros, a ablação é combinada ao uso de medicamentos. “Algumas arritmias são melhor tratadas com remédios, outras arritmias são melhor tratadas com a ablação, e algumas você precisa conciliar os dois”, afirma.

Weimar destaca que a ablação é considerada minimamente invasiva e, quando tudo corre bem, o tempo médio de internação varia entre 24 e 48 horas, exatamente o período previsto para Caiado após o procedimento. Já a retomada da rotina normal costuma ocorrer em torno de 30 dias, embora esse prazo possa variar conforme o tipo de arritmia, a idade e a presença de outras doenças cardíacas ou sistêmicas. “Tudo isso vai modificar, às vezes, um pouco mais ou um pouco menos esse tempo médio de retomada da normalidade na vida do paciente”, completa.

Apesar de ser uma intervenção segura, ele reforça que há riscos, ainda que raros. Entre eles, sangramento, infecção, perfuração cardíaca e lesões no sistema de condução que podem gerar bloqueios elétricos. Ele lembra ainda que há diferenças importantes entre as taquiarritmias, quando a frequência cardíaca fica alta, e as bradiarritmias, que ocorrem quando o ritmo fica lento. Em algumas bradiarritmias, inclusive, pode haver necessidade de marca-passo, o que não é o caso do governador.

“O maior benefício é a possibilidade de você tratar arritmias, muitas vezes curando essa arritmia sem a necessidade de seguir usando medicamentos, ou tratar arritmias mais complexas que após o tratamento terão a resposta melhor ao uso dos medicamentos”, afirma o presidente da SBC.

Outros episódios recentes de internações do Caiado

Apesar do foco atual estar no procedimento a que será submetido, Caiado já enfrentou outros episódios cardíacos ao longo dos últimos anos. Em 2019, após sentir dores no peito, passou por cateterismo e recebeu um stent para desobstruir um vaso sanguíneo. Em 2022, foi submetido a uma revascularização do miocárdio — a conhecida ponte de safena — descoberta durante exames de rotina. A cirurgia também foi conduzida pela equipe da Dra. Ludhmila Hajjar.

“Foram realizadas anastomoses coronárias, com veia safena e artéria mamária, após terem sido detectadas obstruções coronarianas em exames de rotina. O governador passa bem e deverá permanecer internado, em recuperação, pelos próximos dias”, descreveu o boletim médico divulgado nas redes sociais do governador na época. 

Ainda se recuperando da cirurgia realizada em 2022, Caiado precisou ficar em repouso por 45 dias e, no dia 1º de janeiro de 2023, tomou posse de seu segundo mandato como governador de forma virtual. Em 2024, retornou ao hospital para revisões relacionadas à cirurgia.

Agora, com nova intercorrência cardíaca, o governador permanece internado e em evolução considerada favorável pela equipe médica. A expectativa é de que a ablação corrija de forma definitiva o distúrbio elétrico responsável pelo episódio de arritmia. Enquanto aguarda o procedimento, o governador permanece sob monitorização contínua, com evolução favorável e sem sinais de agravamento.