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quinta-feira, 25 de dezembro de 2025
manda vê

Breno de Castro fala sobre bastidores da vida no humor

No episódio apresentado por Juan Allaesse, comediante conta como passou da vistoria veicular aos vídeos diários depois que a empresa fechou as portas

Luana Avelarpor Luana Avelar em 25 de novembro de 2025
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Foto: Youtube/ Manda Vê

Na segunda-feira (24), o comediante Breno de Castro esteve no Manda Vê, apresentado por Juan Allaesse, e falou sobre a fase em que precisou reorganizar a própria vida depois que o stand-up deixou de ter tanto espaço em Goiânia. Ele nasceu no interior, mudou-se para a capital em 2017 e, naquele período, mantinha um emprego como vistoriador veicular enquanto tentava se aproximar do humor ao vivo.

O primeiro teste no palco aconteceu em 2018, num open mic realizado em Senador Canedo. O convite veio de um grupo local que já não existe mais. “A primeira piada entrou. O povo riu. Eu pensei: é isso aqui”, disse. O entusiasmo ficou restrito àquele início. Breno contou que os bares fecharam, que o circuito caiu e que apenas nomes nacionais continuaram lotando casas pelo país. Citou Whindersson Nunes, Thiago Ventura, Afonso Padilha, Bruna Louise e Renato Albani como exemplos de artistas que ainda conseguem circular.

Sem bar e sem plateia, voltou para a rotina da vistoria. Foi aí que passou a gravar vídeos nos horários dispersos do trabalho. “Eu era o blogueiro CLT. Postava seis e meia da manhã, meio-dia e cinco da tarde”, relatou. Ele descreveu o ambiente da vistoria como um espaço de conflito e desgaste, dizendo que “já reprovou muito carro” e que o público costumava se irritar. Mesmo assim, manteve o emprego enquanto podia — até que a empresa faliu. “Um dia, chegamos e estava todo mundo demitido. A empresa não pagou ninguém”.

A quebra do emprego empurrou-o de vez para a internet. Sem salário fixo, foi morar com dois amigos — Guilherme e Jonathan — que já tinham rotina de produção de conteúdo. Com eles, entendeu que, sem patrão e sem expediente, o trabalho dependia exclusivamente de constância. “Acordava cedo, gravava e postava como se fosse bater ponto”, disse. Segundo ele, foi esse ritmo que estabilizou a publicação frequente.

Breno explicou que nunca manteve um tema fixo. Falava de futebol, de bebida, de situações do cotidiano. Publicava o que rendesse humor no dia, e não o que o algoritmo teoricamente pedia. Disse que os registros de bebedeira acabaram aproximando o público, porque mostravam o que já fazia entre amigos. “Sempre gostei de festa. Quando comecei a mostrar isso, a galera se identificou”.

Os amigos também participavam dessa construção. Sabendo que o humorista bebia com frequência, ligavam a câmera quando percebiam que alguma cena poderia render. Breno contou quedas, imagens gravadas no meio da madrugada e vídeos de ressaca publicados no dia seguinte. “O pessoal adora quando acordo destruído”, afirmou.

Ao comentar sua formação como público, citou Furo MTV, Pânico na Band, os primeiros stand-ups de Danilo Gentili e Oscar Filho e o CQC. Disse que via esse conteúdo ainda criança, enquanto colegas de escola assistiam outros conteúdos. Não usou a palavra influência, mas reconheceu que isso o fez se sentir mais confortável para apresentar trabalhos e falar em voz alta.

A conversa também abordou o envelhecimento e os limites da bebida. Breno contou que reduziu o ritmo ao perceber que as ressacas deixaram de ser passageiras. “Depois dos 30, vira doença. Eu tenho 26 e já estou sentindo”, afirmou. Disse preferir cerveja porque “ela ainda dá opção”; vodka, segundo ele, “não negocia”.

Breno também comentou o período em que começou a produzir vídeos envolvendo Pablo Marçal. Disse que viu outras pessoas utilizando trechos das falas do empresário para criar humor, mas que decidiu seguir outro caminho: imitar Marçal em situações cotidianas, como se fosse motorista de aplicativo ou entregador de IFood.

O primeiro vídeo, publicado sem expectativa, viralizou em poucas horas. “Pegou um milhão em um dia”, disse durante a entrevista. Em seguida, o material alcançou seis milhões de visualizações. A repercussão chegou ao próprio Marçal, que comentou os vídeos e tentou responder com mensagens longas. Breno relatou que o tom sério dos comentários contrastava com o caráter humorístico das publicações. “Ele comentou um textão. Chatão. Eu só ri”, afirmou. O empresário chegou a segui-lo nas redes, o que ampliou ainda mais o alcance dos conteúdos. “Quando ele comentou várias vezes, vi que tinha tocado nele. Ele viu que eu não ia comprar os cursos dele”, riu. 

Apesar da repercussão, Breno disse não ter transformado Marçal em tema fixo. Explicou que utilizou o momento porque estava em evidência, mas continuou publicando outros assuntos logo em seguida. “Eu não prendo a um negócio só. Se eu sentir que dá humor, eu faço. Se não, passo para outro”.

Outro ponto da conversa foi a circulação do ódio nas redes. Breno mencionou um seguidor específico que o ataca em praticamente todos os vídeos, com o mesmo rigor de quem acompanha um artista. “É um cara amargurado. Parece que tirou a vida dele para odiar a gente”, ironizou. Comentou que amigos já responderam ao perfil por ele, e que os ataques se tornaram parte regular do que vê online.

O comediante afirmou que continua publicando porque, sem isso, voltaria ao ponto de partida. Disse que não existe garantia e que a visibilidade depende do movimento constante. Segundo ele, o público só cresceu quando passou a aparecer como é: ressaca incluída, humor direto e vídeos feitos no meio da rotina. Para Breno, não há método além da continuidade. Qualquer interrupção cobra seu preço. É essa disciplina, mais do que estratégia, que ainda o mantém no humor.

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Breno de Castro fala sobre rotina, exposição e o humor feito no dia a dia. Foto: Youtube/ Manda Vê

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