Controle das pesagens no aterro é alvo de dúvida na CEI da Limpa Gyn
Colegiado ouviu a gerente executiva de operações do Aterro Sanitário em reunião na última terça-feira (25)
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Limpa Gyn da Câmara Municipal de Goiânia escutou a gerente executiva de operações do Aterro Sanitário, Gabriela Maria Pereira Barbosa, durante a reunião ordinária do colegiado na última terça-feira (25). A fiscalização da pesagem do Aterro foi alvo de questionamentos dos parlamentares.
Durante a oitiva, a servidora explicou que é a responsável por toda gestão do aterro sanitário, juntamente com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), e foi nomeada para a função pela atual gestão da Comurg. Ao responder questionamentos iniciais do presidente da CEI, vereador Welton Lemos (Solidariedade), sobre as modalidades de entrada de resíduos, a gerente afirmou que o procedimento segue protocolos diários estabelecidos.
Segundo a servidora, todas as denúncias relacionadas ao aterro chegam primeiro à ouvidoria da Comurg, que repassa as demandas para análise técnica. Após responder à consulta, o retorno ao denunciante passa novamente pela ouvidoria.
Questionada pelo vereador Juarez Lopes (PDT) sobre os desafios da operação, Gabriela destacou preocupação com o baixo nível de reaproveitamento dos resíduos. “Tecnicamente, eu como engenheira química e especialista em aproveitamento de resíduos, algo que me incomoda pessoalmente é a reaproveitação. A população ainda não separa o lixo corretamente. É preciso investir em políticas públicas para isso”, disse a servidora.
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Outro ponto debatido foi a eventual recusa de cargas de resíduos. Ao ser questionada pelo vereador Sanches da Federal (PP), a engenheira disse que as recusas acontecem, mas não de forma frequente. “É variável. Há mês que é uma, há mês que são duas. Mas não é recorrente”, relatou.
Fiscalização no foco da CEI
Sanches também indagou sobre a possibilidade de adulteração nos valores de pesagem. Gabriela explicou que o processo envolve verificações de três pessoas. “No momento da pesagem, a gente orienta que o motorista precisa conferir junto ao balanceiro o valor lançado, além de um outro fiscalizador. No momento do lançamento, mais de uma pessoa está averiguando”, explicou.
No entanto, a gerente admitiu que, com o atual sistema de registro, não há mecanismo de auditoria posterior. “Eu tenho que confiar na minha equipe”, disse Gabriela. A resposta gerou críticas de Sanche e de Lemos, que ressaltou que o relatório final da CEI deverá sugerir uma “melhoria total” das balanças para garantir uma auditoria mais confiável.
A vice-presidente da CEI, vereadora Aava Santiago (PSDB), questionou detalhes sobre o registro manual dos dados no ticket de pesagem, como o prefixo do caminhão e o tipo de resíduo — este último verificado por um fiscal posicionado na entrada da balança. Entretanto, a vereadora disse que, na visita dos vereadores ao Aterro, não havia encontrado fiscal nem balanceiro no local. Gabriela respondeu que a presença do fiscal deve ocorrer diariamente e, diante de eventuais ausências, o balanceiro é “obrigado” a identificar o tipo de material descarregado.
Em entrevista coletiva, Aava comentou sobre a situação dos fiscais. “Durante todo o depoimento a nossa testemunha afirmou categoricamente que os fiscais fazem a conferência do que há disponível nos caminhões, mas no dia que a Câmara foi numa visita agendada não havia fiscais checando o que tinha dentro dos caminhões e nem na pesagem”, disse a tucana.
A parlamentar afirmou que o colegiado está “diante de uma profunda inconsistência e fragilidade”. “Toda etapa de fiscalização que diz respeito a contratante está completamente aquém daquilo que determina o contrato, o que é absolutamente desesperador para o contribuinte”, frisou a vereadora.