Chuva traz alívio e consumidores goianos terão redução na conta de luz em dezembro
Bandeira tarifária passa de vermelha para amarela após dois meses de calor extremo e consumo recorde. A queda no adicional alivia famílias e setores que sentiram forte pressão nas faturas em outubro e novembro
Os consumidores goianos terão um alívio nas contas de energia a partir de dezembro. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária passará da vermelha patamar 1, vigente em novembro, para a bandeira amarela. A mudança reduz o valor adicional cobrado nas faturas de R$ 4,46 para R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos, representando uma queda significativa após meses consecutivos de cobrança mais elevada.
A mudança é reflexo do início do período chuvoso no País. De acordo com a Aneel, a previsão para dezembro indica volume de chuvas maior que o registrado em novembro na maior parte das regiões, contribuindo para elevar o nível dos reservatórios das hidrelétricas e reduzir parcialmente a dependência da geração térmica.
A agência, no entanto, pondera que a expectativa ainda está abaixo da média histórica para o mês, o que mantém atenção elevada sobre o equilíbrio do sistema elétrico.
“Diante de condições de geração um pouco mais favoráveis, foi possível mudar da bandeira vermelha patamar 1 para amarela. Por isso, o acionamento das termelétricas continua sendo essencial para atender à demanda”, informou a Aneel.
A Aneel destacou ainda que a geração solar — que cresce ano após ano — é intermitente e não atende o consumo de forma contínua, especialmente no período noturno, quando a demanda atinge seus maiores picos.
A redução marca uma inflexão após meses de bandeiras mais onerosas. Em agosto e setembro, vigorou a bandeira vermelha patamar 2, a mais cara, com adicional de R$ 7,87 por 100 kWh. Em outubro e novembro, o País enfrentou o patamar 1, resultado da combinação entre a estiagem prolongada, o uso intensivo de termelétricas e o aumento expressivo do consumo, especialmente em Estados como Goiás, que registraram ondas de calor severas.
Criado em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias foi desenvolvido para sinalizar ao consumidor, de forma simples, os custos de geração de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN). Na bandeira verde, não há acréscimos; na amarela, o adicional é de R$ 0,01885 por kWh; na vermelha patamar 1, o valor sobe para R$ 0,04463; e, no patamar 2, chega a R$ 0,07877 por kWh.
As bandeiras se aplicam a todos os consumidores cativos, aqueles que compram energia diretamente das distribuidoras, e não valem para sistemas isolados, como comunidades remotas da Amazônia.
Calor extremo elevou conta em outubro, mas cenário deve ser menos crítico em dezembro

A redução da bandeira chega depois de um dos períodos mais desafiadores do ano no consumo de energia em Goiás. O mês de outubro foi marcado por temperaturas próximas dos 40°C, sensação térmica elevada e índices críticos de umidade. Esse cenário provocou um salto histórico no uso de energia.
Dados da Equatorial Goiás mostram que o consumo residencial aumentou 14% em relação a setembro, alcançando média de 240 kWh por unidade, o maior valor já registrado para outubro, superando inclusive o recorde de 2024.
O calor intenso ampliou o uso de ar-condicionado, ventiladores, geladeiras, freezers e equipamentos de refrigeração em residências e comércios. No agronegócio, a irrigação, especialmente por pivôs centrais, ganhou protagonismo em lavouras que enfrentaram longos períodos sem precipitação. A climatização de granjas e sistemas produtivos sensíveis ao calor também se manteve em nível elevado durante todo o mês.
Em dezembro, apesar da continuidade das altas temperaturas típicas do verão goiano, a expectativa de chuvas mais frequentes tende a reduzir a pressão sobre o sistema. A maior umidade e o alívio térmico temporário provocado pelas precipitações podem amenizar parte do consumo, especialmente no horário noturno.
Ainda assim, a Equatorial Goiás monitora a rede em regime de operação contínua, com reforço das equipes e das manobras automáticas para rebalanceamento de cargas.
A distribuidora lembra que dezembro e janeiro tradicionalmente apresentam consumo elevado devido às férias escolares, viagens e maior permanência das famílias em casa. Entretanto, o cenário é considerado menos crítico do que o registrado em outubro. Com chuvas previstas acima das observadas em novembro e a entrada da bandeira amarela, o impacto financeiro tende a ser menor para os consumidores.