Com chegada das férias, Goiás alerta para risco de afogamentos
Estado goiano já contabiliza 54 vítimas de afogamentos em 2025. Caso mais recente envolve adolescente de 13 anos que morreu no domingo em Aparecida de Goiânia
O início de dezembro marca também o avanço do período de férias escolares, quando famílias passam a frequentar com mais intensidade clubes, rios, represas e balneários em todo o Estado. Embora seja um momento aguardado por muitos goianos, a temporada exige atenção redobrada: historicamente, é nesse intervalo que os casos de afogamentos aumentam e exigem maior mobilização das equipes de segurança pública.
Nas últimas semanas, Goiás registrou ao menos quatro mortes por afogamento, reforçando o alerta emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO). O caso mais recente ocorreu no último domingo, 30 de novembro, quando um adolescente de 13 anos morreu após se afogar em um rio no Recanto das Emboabas, em Aparecida de Goiânia.
Segundo informações da corporação, o jovem brincava com amigos quando entrou na água, afundou e não conseguiu retornar à superfície. No momento do acidente, nenhuma pessoa adulta acompanhava o grupo.
As primeiras equipes a chegarem ao local foram do 7º Batalhão de Salvamento e Resgate, que iniciaram as buscas imediatamente. Devido à baixa visibilidade e à profundidade do ponto onde o adolescente desapareceu, foi acionado o apoio da guarnição náutica do Batalhão de Operações Aéreas (BOPAR), especializada em operações aquáticas.
Após uma varredura subaquática ainda durante a tarde, os mergulhadores localizaram o corpo a cerca de três metros de profundidade. A área foi isolada para trabalho pericial, e a Polícia Civil abriu investigação para apurar as circunstâncias do acidente. Também foram acionados a Polícia Militar e o Instituto Médico Legal (IML) para os procedimentos legais, incluindo perícia no local e identificação necropapiloscópica.
O cenário reforça uma estatística preocupante: segundo dados do corpo de bombeiros, 54 pessoas morreram vítimas de afogamento em 2025 nas ocorrências atendidas pela corporação em Goiás, número superior ao registrado no ano anterior, quando foram contabilizadas 51 mortes. Os dados do sistema de estatísticas dos bombeiros, disponíveis para consulta pública, mostram ainda que nem todos os atendimentos relacionados a afogamentos resultam em óbito — o que revela a eficácia das operações de resgate, mas também a necessidade de maior prevenção.
Para o Tenente-Coronel Luís Eduardo Machado, a chegada das férias traz consigo um risco previsível e que pode ser reduzido com medidas simples, mas que ainda são negligenciadas por parte da população. Ele destaca que as piscinas representam grande perigo, principalmente em relação às crianças, e reforça que, independentemente do ambiente, a supervisão é a principal forma de prevenção.
“A orientação principal é supervisão constante por um adulto responsável, sem distrações. Também recomendamos cercamento adequado, portões trancados, capas de proteção quando a piscina não estiver em uso e boias circulares com corda disponíveis”, afirma o oficial. Ele acrescenta que as crianças devem ser educadas a nunca entrar na água sem autorização e jamais nadar sozinhas.
Em rios, lagos e represas, a atenção deve ser ainda maior, especialmente durante o período chuvoso, quando ocorrem alterações repentinas no volume e na velocidade da água. “É fundamental evitar áreas desconhecidas, com correntezas ou mudanças bruscas de profundidade. O uso de colete salva-vidas é recomendado. Deve-se respeitar placas e orientações locais, evitar mergulho de cabeça e manter-se próximo às margens”, ressalta.
O Corpo de Bombeiros reforça ainda que comportamentos simples podem reduzir significativamente o número de vítimas, como evitar o consumo de bebidas alcoólicas antes de entrar na água, não superestimar a própria capacidade de natação e observar sempre a previsão do tempo antes de visitar espaços naturais. Em períodos de chuvas intensas, há maior risco de cabeças d’água e redemoinhos, fenômenos que podem surpreender até mesmo nadadores experientes.
Com a intensificação do calor e a proximidade do recesso escolar, as autoridades pretendem ampliar ações de conscientização e reforçar o monitoramento em áreas de maior fluxo de visitantes.
O que fazer em casos de afogamentos: orientações que podem salvar vidas

Diante do aumento dos casos de afogamento típicos do período de férias, o Corpo de Bombeiros de Goiás reforça uma série de orientações essenciais para agir com segurança em situações de emergência. A principal recomendação é clara: a primeira atitude deve ser ligar imediatamente para o 193, acionar o socorro especializado.
Segundo o Tenente-Coronel, pessoas sem treinamento não devem entrar na água para tentar resgatar alguém, pois isso pode resultar em novas vítimas. “O ideal é lançar boias, cordas ou qualquer objeto flutuante para manter a pessoa na superfície até o resgate”, explica.
Se a vítima conseguir ser retirada da água com segurança, o responsável deve verificar imediatamente se ela respira. Caso não haja respiração, é necessário iniciar a reanimação cardiopulmonar (RCP) e manter o procedimento até a chegada dos bombeiros. A orientação vale tanto para ambientes naturais quanto para piscinas.
No caso de rios, lagos e represas, o uso de colete salva-vidas é sempre recomendado, principalmente para crianças, pessoas que não sabem nadar ou qualquer indivíduo que esteja em embarcações.
Quando o afogamento ocorre em áreas profundas, o salvamento deve ser feito exclusivamente com auxílio de objetos flutuantes, evitando a entrada de pessoas não treinadas. Manter a calma e acionar o socorro rapidamente são atitudes decisivas.
O Corpo de Bombeiros reforça que a prevenção é sempre o melhor caminho. Supervisão constante, uso de equipamentos de segurança e respeito às sinalizações reduzem de forma significativa a chance de acidentes.