Setor eletroeletrônico encerra 2025 com maior faturamento em 10 anos
Setor fatura R$ 270,8 bilhões, amplia empregos e investimentos
A indústria de eletroeletrônico brasileira encerrou 2025 com um desempenho marcado por contrastes. O faturamento do setor cresceu 4% em termos reais e atingiu R$ 270,8 bilhões, enquanto a produção física registrou queda de 1,4%. O movimento revela uma mudança estrutural no padrão de consumo, que passou a privilegiar equipamentos mais sofisticados e de maior valor agregado. Para a Abinee, entidade que representa o setor, o ano surpreendeu positivamente mesmo diante de custos elevados, cenário macroeconômico incerto e pressão competitiva externa.
Consumo mais sofisticado impulsiona receita de eletroeletrônico
A alta do faturamento foi impulsionada, sobretudo, pela preferência crescente por produtos de informática, celulares e dispositivos conectados com tecnologia avançada. O consumidor passou a buscar itens com mais recursos, o que elevou o preço médio das vendas. Esse comportamento compensou o recuo no volume produzido e evitou um desempenho mais fraco. Segmentos ligados à digitalização da economia, como data centers e soluções de inteligência artificial, também contribuíram para elevar a demanda por componentes e sistemas de alta complexidade.
Embora o avanço da receita indique dinamismo, a queda no volume produzido evidencia limitações na expansão da capacidade fabril. A utilização da capacidade instalada permaneceu estável em 78%, sem sinais de aquecimento significativo na produção. Para especialistas, esse quadro demonstra que o setor vendeu mais caro, mas não necessariamente produziu mais, o que pode restringir o ritmo de crescimento nos próximos ciclos.

Emprego e investimentos registram crescimento
Mesmo com a produção em baixa, os indicadores de emprego na indústria de eletroeletrônico mostraram evolução. A indústria eletroeletrônica encerrou o ano com 288 mil trabalhadores, um aumento de 1% frente a 2024, o que representa cerca de 3,5 mil novas vagas. Os investimentos também apresentaram salto relevante, de 9%, passando de R$ 4,3 bilhões para R$ 4,7 bilhões. Empresas ampliaram projetos de modernização, automação e pesquisa aplicada, buscando se posicionar em nichos de maior valor tecnológico.
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A leitura da Abinee é que o setor conseguiu se adaptar às transformações do mercado e aos desafios produtivos. Mesmo com oscilações na cadeia global de componentes e com a volatilidade do câmbio, houve capacidade de reação, sobretudo na ampliação do portfólio de produtos de maior conteúdo tecnológico. Para a entidade, as empresas demonstraram disposição para investir e preparar o ambiente industrial para um novo ciclo de inovação.

Projeções para 2026 indicam avanço moderado
As expectativas para 2026 são positivas, embora mais moderadas. O setor projeta faturar R$ 289 bilhões, crescimento real de 3% sobre 2025. Diferentemente do ano encerrado, a previsão é de que a produção física volte ao campo positivo, com expansão estimada de 2%. O número de empregados também deve subir e alcançar 292 mil trabalhadores até o fim de 2026. Os investimentos devem atingir R$ 5 bilhões, alta de cerca de 7%, consolidando o movimento de modernização das plantas industriais.
A utilização da capacidade instalada deve recuar levemente para 77%, reflexo de ajustes operacionais e da expectativa de que o mercado se estabilize após a forte oscilação dos últimos anos. Para empresários e analistas, o grande motor da atividade seguirá sendo a demanda por equipamentos de alta performance, softwares embarcados e soluções automatizadas, áreas que continuam crescendo em ritmo superior à média do setor industrial brasileiro.
Desafios estruturais ainda exigem atenção em eletroeletrônico
Apesar do balanço positivo, a indústria eletroeletrônica enfrenta desafios relevantes. A dependência de insumos importados, sobretudo semicondutores e componentes específicos, limita a autonomia tecnológica do país e impacta custos. Além disso, o crescimento apoiado em preços e não em volume pode reduzir a competitividade diante de mercados mais escaláveis. A consolidação de uma cadeia produtiva local mais robusta, alinhada a políticas públicas de inovação e industrialização, é vista como essencial para sustentar avanços no longo prazo.
Mesmo com essas pressões, 2025 foi considerado um ano de superação para o setor de eletroeletrônico. A combinação de consumo qualificado, investimentos crescentes e expansão da demanda por tecnologias de ponta sinaliza que o setor segue em trajetória de transformação. Se as projeções para 2026 se confirmarem, a indústria eletroeletrônica deverá manter o papel estratégico na economia brasileira e ampliar sua relevância em segmentos ligados à digitalização, automação e conectividade.