O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sábado, 6 de dezembro de 2025
Análise

Com entrada de Flávio na disputa, qual será o futuro político de Caiado?

Federação União Brasil–PP e anúncio da pré-candidatura do filho de Bolsonaro deixam governador em um dilema: insistir na corrida ao Planalto ou recalcular a rota rumo ao Senado

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 6 de dezembro de 2025
Com entrada de Flávio na disputa, qual será o futuro político de Caiado?
Bolsonaro finalmente escolheu o nome para lhe representar na corrida presidencial. E não foi o de Caiado. Foto: André Saddi

Bruno Goulart

A semana política trouxe novos elementos para o tabuleiro eleitoral de 2026 e todos eles impactam diretamente o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Após passar, na última semana, por uma ablação por cateter em São Paulo, procedimento usado para corrigir arritmias cardíacas, Caiado reduziu o ritmo da agenda pública. Entretanto, o movimento mais relevante não foi clínico, mas político: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) finalmente escolheu seu nome para a corrida presidencial: seu primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A partir desse anúncio, as próximas decisões de Caiado se tornam ainda mais complexas. O governador buscava justamente o apoio de Bolsonaro para viabilizar sua pré-candidatura ao Planalto. Preterido, afirmou “respeitar” a escolha do ex-presidente e garantiu que segue na disputa, ao dizer estar “convicto” de que os nomes da direita poderão derrotar o PT em 2026.

Entretanto, dentro de seu próprio partido, o caminho está longe de ser simples. O União Brasil articula uma federação com o PP, o que pode reduzir o espaço de Caiado na executiva nacional. O presidente da sigla, Antonio Rueda, já criticou publicamente a formação de uma nova polarização, o que indica resistência a uma candidatura presidencial forte dentro da federação.

Leia mais: Como gestão Mabel virou problema para campanha de Daniel Vilela

Além disso, aliados de direita, como PSD e Republicanos, não concordaram com a escolha de Flávio Bolsonaro. Parte desse bloco já cogita declarar neutralidade na corrida ao Planalto, o que deixaria Caiado ainda mais isolado.

Pesquisas mostram crescimento de Caiado

Na última pesquisa AtlasIntel, Caiado aparece em terceiro lugar em dois cenários distintos, ao chegar a 9,4% quando Michelle Bolsonaro é colocada como a candidata do PL. O dado mais relevante, segundo especialistas, é que Caiado rompeu a barreira dos 2% e do desconhecimento nacional.

Para o mestre em História e especialista em Políticas Públicas Tiago Zancopé, isso muda completamente o raciocínio dentro da campanha. “Caiado vai dar continuidade ao seu projeto presidencial porque, na última pesquisa, ele foi o que mais cresceu. Depois de todo o esforço, não faz sentido recuar agora.”

Zancopé também avalia que o discurso sobre uma possível candidatura ao Senado tem sido usado para enfraquecer politicamente Caiado. Para o especialista em Políticas Públicas, a decisão sobre recuar só poderia ocorrer no limite da convenção. Abrir mão agora não faria sentido, sobretudo se houver possibilidade de composição com Flávio Bolsonaro, avalia o historiador.

Pressões internas, alternativas externas

A leitura é de que Caiado tem força concentrada em Goiás e pouca penetração nacional, algo reforçado pelo cientista político Lehninger Mota ao O HOJE. “O cenário está se afunilando. A federação União Brasil–PP e a definição da candidatura de Flávio Bolsonaro deixam o caminho de Caiado mais estreito”, afirma o pesquisador.

Ainda assim, Mota destaca que outras siglas já sinalizaram abertura para recebê-lo. O desafio seria formar uma base consistente fora do União Brasil e reconstruir alianças nacionais. Tarefa complexa a poucos meses das convenções.

Senado seria plano B? 

Nos bastidores, circula a hipótese de Caiado abandonar a disputa presidencial para concorrer ao Senado, onde teria ampla vantagem. Contudo, nenhum dos analistas considera esse movimento provável no momento. Para Zancopé, a especulação é precipitada: “Isso teria que ser decidido no último minuto. Falar disso agora só enfraquece a candidatura”.

Já Mota pondera que, embora o caminho ao Planalto seja difícil, Caiado não desistiu. E continuará em pré-campanha. (Especial para O HOJE)

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Veja também