Desigualdade digital persiste no país
Mesmo com avanços no acesso, renda, escolaridade e idade determinam como os brasileiros usam a internet
A expansão da conectividade no Brasil avançou de forma consistente, mas não eliminou as fronteiras impostas pela desigualdade. A nova edição da pesquisa TIC Domicílios indica que 86% dos lares têm acesso à internet, o maior índice da série. O avanço se concentra sobretudo entre os mais pobres: em 2015, apenas 15% das famílias das classes D e E tinham conexão; hoje, são 73%. Mesmo assim, o acesso ainda depende de renda, território e escolaridade.
A fibra óptica tornou-se a principal forma de conexão e alcança 73% dos usuários, mas sua presença diminui para 60% nas classes D e E. O uso exclusivo do celular domina entre os mais pobres e atinge 87% dos moradores dessas faixas, o que evidencia acesso mais limitado, sujeito a pacotes curtos e velocidades reduzidas. Entre os que dependem de planos móveis, um terço relata perda de velocidade ao fim da franquia, e muitos precisam contratar dados adicionais.
As diferenças aparecem também na escolaridade. O acesso é quase universal entre quem tem ensino superior e cai para 74% entre pessoas com ensino fundamental. No meio rural, a infraestrutura mais lenta reduz o índice para 77%. A idade reforça o abismo: acima de 60 anos, só 54% estão conectados.
Os hábitos digitais revelam que a comunicação continua sendo o principal uso, seguida pelo Pix, já consolidado entre a maioria da população. A presença das apostas online aparece pela primeira vez e tem predominância masculina. As ferramentas de inteligência artificial crescem, mas permanecem concentradas entre os mais escolarizados e de maior renda.
O acesso a serviços públicos digitais também se tornou comum, embora desigual. A plataforma gov.br é utilizada por 94% da classe A, mas apenas por 35% das classes D e E, com queda acentuada no Nordeste. Os dados mostram um país conectado, porém ainda distante de compartilhar a mesma qualidade de acesso e as mesmas oportunidades digitais.

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