Empresa de investimentos é suspeita de dar golpes em Goiás
Plataforma prometia lucros semanais e oferecia níveis de investimentos que chegavam a R$ 700 mil; Polícia Civil abriu investigação
Uma empresa que anunciava oportunidades de investimentos com promessas de lucros semanais e baixo risco é alvo de denúncias em Catalão. Moradores afirmam ter perdido valores expressivos após acreditarem no modelo de investimentos ofertado pela plataforma, que apresentava nove níveis distintos de aplicação. Diversas vítimas procuraram a delegacia da cidade e registraram boletins de ocorrência, segundo reportagem exibida pela TV Anhanguera.
Os relatos revelam um padrão recorrente: investidores diziam receber, inicialmente, informações motivadoras e prints de supostos rendimentos. No entanto, após novos aportes ou tentativas de saque, teriam passado a enfrentar bloqueios, falta de retorno e o desaparecimento dos responsáveis pelo atendimento.
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, contou ter vendido um apartamento no Pará para aderir ao sistema. O valor aplicado ultrapassou R$ 36 mil, quantia que ela afirma não ter recuperado.
“É ruim perder a casa, pagar uma dívida de um empréstimo que tu fez”, relatou a moradora, que hoje vive de aluguel em Catalão.
Outros investidores se reuniram na porta do escritório físico da empresa na tentativa de obter explicações, mas não obtiveram resposta. Imagens mostram dezenas de pessoas procurando orientação e cobrando esclarecimentos.
Alvará municipal e presença do prefeito na inauguração geram repercussão
A TV Anhanguera apurou que a empresa de investimentoos possuía alvará de funcionamento emitido pela Prefeitura de Catalão, o que reforçou, para muitos moradores, a impressão de formalidade e segurança. O prefeito Velomar Rios chegou a participar da inauguração do escritório da companhia, o que contribuiu para a repercussão do caso nas redes sociais.
Após as denúncias se tornarem públicas, ele divulgou uma nota em seu perfil oficial no Instagram afirmando não ter qualquer vínculo com o empreendimento.
“Não sou apoiador, investidor, apostador, nem promotor desse empreendimento. Estive no evento apenas para prestigiar uma pessoa conhecida.”
Representantes locais afirmam que também foram enganados
Além dos investidores, funcionárias que atuavam como representantes da empresa em Catalão afirmaram ter sido igualmente prejudicadas. Elas disseram à TV que receberam instruções de uma mulher apontada como líder da plataforma, supostamente atuando de fora do Brasil — pessoa que teria deixado de responder às equipes e aos investidores após o colapso do esquema.
A representante Carla Fontana declarou: “A gente é tão vítima quanto eles. Acho que eles pensam assim: ‘já que não dá para pegar a mulher lá da plataforma, que está fora do Brasil, vamos descontar nas mulheres daqui mesmo’.”
Segundo ela, as equipes locais também não tiveram acesso aos valores frutos dos investimentos que forammovimentados pela empresa e nem controle sobre os pagamentos.
Como funcionava o suposto modelo de investimentos
De acordo com a TV Anhanguera, a plataforma de investimentos oferecia nove níveis de investimentos, cada um com requisitos específicos e promessas de rendimentos progressivos:
- Nível 1: aplicação mínima de R$ 280 e retorno semanal a partir de R$ 8, mediante a exigência de que o participante assistisse quatro vídeos por dia sobre a plataforma.
- Níveis intermediários: exigiam aportes maiores, com promessas de multiplicação do capital investido.
- Nível mais alto: exigia investimento de R$ 700 mil.
A estrutura descrita se assemelha às chamadas pirâmides financeiras, caracterizadas por oferecer ganhos elevados e imediatos a partir de investimentos, mas que dependem da entrada contínua de novos participantes para sustentar os pagamentos. Quando o fluxo de novos investidores diminui, o sistema entra em colapso, deixando a maior parte das pessoas no prejuízo — dinâmica semelhante à operação da empresa RWest, que atuava na cidade.
Polícia Civil abre investigação
A Polícia Civil de Goiás informou que abriu investigação para apurar as denúncias. No entanto, afirmou que não divulgará detalhes sobre o caso para não prejudicar as diligências em andamento. Até o momento, não houve confirmação sobre a localização dos responsáveis.
A empresa RWest, citada nas denúncias, não respondeu aos questionamentos.
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