Em discurso na noite desta terça-feira (9), após ser retirado pela Polícia Legislativa do plenário da Câmara dos Deputados, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) denunciou o que chamou de “ofensiva golpista” após a retomada do processo que pode levar à sua cassação e à perda dos direitos políticos por oito anos. Ele criticou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), acusando-o de cercear a imprensa ao permitir o corte do sinal da TV Câmara durante a sessão e de adotar tratamento distinto em relação a deputados que, segundo ele, “sequestraram a mesa diretora por 48 horas”.

O deputado afirmou que a acusação que enfrenta – por defender a honra da mãe, denunciar o orçamento secreto e confrontar o então presidente não justifica a punição. Para ele, o processo integra um pacote que inclui a votação de uma anistia “assimétrica”, que poderia reduzir a punição de Jair Bolsonaro (PL) e preservar a elegibilidade de Eduardo Bolsonaro, repetindo o modelo aplicado no caso de Chiquinho Brazão.

Ele também citou a ex-deputada Carla Zambelli, que teve os direitos políticos cassados e está presa na Itália por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), para reforçar que a iniciativa, na sua avaliação, mira adversários específicos enquanto “protege os grandes responsáveis por ataques à democracia”.

Ao justificar sua permanência na mesa diretora durante a sessão, o parlamentar afirmou que o gesto simboliza resistência: “A gente não pode se render”. Para ele, o avanço do processo representa uma tentativa clara de silenciamento político e pode resultar na inclusão de seu pedido de cassação na pauta do plenário já nesta quarta-feira.