Empresas goianas afetadas por tarifas dos EUA recebem R$ 400 milhões em crédito do BNDES
Recursos serão liberados por meio de linhas de crédito para capital de giro, diversificação de mercados e aquisição de bens de capital
Após o tarifaço imposto pelos Estados Unidos (EUA) atingir o Brasil por mais de quatro meses e impactar diretamente mais de 700 produtos exportados, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 400 milhões em crédito para empresas de Goiás prejudicadas pelas novas barreiras comerciais.
A medida busca reduzir os efeitos da perda de competitividade no mercado internacional, garantir fôlego financeiro às companhias e preservar postos de trabalho no Estado.
Os recursos fazem parte do programa Brasil Soberano, criado pelo governo federal para atender empresas exportadoras e fornecedores afetados pela elevação das tarifas norte-americanas.
Em Goiás, o volume aprovado representa 100% de todos os pedidos de crédito protocolados no BNDES desde 18 de setembro, quando a linha emergencial foi aberta. O cenário de instabilidade atingiu desde grandes indústrias até micro e pequenas empresas, especialmente aquelas com forte dependência do comércio exterior.
Do total aprovado para os goianos, cerca de R$ 225 milhões foram destinados à linha Giro Diversificação, voltada para empresas que buscam novos mercados e alternativas comerciais fora dos EUA.
Em seguida, R$ 127 milhões foram liberados para a linha Capital de Giro, que permite custear despesas básicas, como pagamento de salários, fornecedores e manutenção das operações. Já R$ 48 milhões foram direcionados à linha Bens de Capital, utilizada para investimentos em máquinas, equipamentos e modernização da produção.
Na prática, os recursos são liberados por meio de operações de crédito conduzidas pelo BNDES, geralmente operacionalizadas por instituições financeiras credenciadas. O dinheiro não é repassado diretamente como subsídio, mas sim como financiamento com condições diferenciadas, incluindo prazos mais longos, juros reduzidos e períodos de carência, conforme o perfil de cada empresa e da linha contratada.
Setores mais afetados pelo tarifaço e outros valores aprovados pelo BNDES

Os impactos do tarifaço variam conforme o setor econômico, mas a indústria de transformação aparece como a mais atingida, concentrando a maior parte dos recursos aprovados, tanto em Goiás quanto no restante do País. No Estado, frigoríficos, indústrias alimentícias, metalúrgicas, químicas e fabricantes de insumos industriais estão entre os segmentos mais prejudicados pelas restrições impostas pelo governo norte-americano.
Além disso, empresas dos setores de comércio e serviços, agropecuária e indústria extrativa também registraram perdas, principalmente devido à queda nas exportações, ao cancelamento de contratos e à redução de encomendas internacionais. Esse cenário levou muitas companhias a recorrerem ao crédito para evitar demissões e manter o funcionamento das atividades.
Em âmbito nacional, o BNDES aprovou R$ 16,18 bilhões em crédito para empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço, o equivalente a 99,75% de todos os pedidos protocolados desde setembro. Ao todo, foram realizadas 1.131 operações, com destaque para 810 contratos firmados com micro, pequenas e médias empresas, consideradas as mais vulneráveis a choques externos.
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a instituição atuou de forma rápida para atender a determinação do governo federal. “O tempo médio de aprovação foi de apenas 26 dias, sete vezes mais rápido do que a média histórica do banco. Essa atuação foi fundamental para garantir a manutenção de empregos e a continuidade das atividades produtivas no País”, afirmou.
Com a liberação dos recursos, a expectativa do governo é que as empresas goianas consigam atravessar o período de instabilidade provocado pelo tarifaço, diversificar mercados e reorganizar suas estratégias comerciais.
Embora o crédito não elimine completamente os prejuízos, a avaliação é de que a medida cria condições para adaptação até que o cenário internacional apresenta maior previsibilidade ou novas negociações comerciais avancem.
Leia mais: Perícia volta a ser decisiva no acesso ao auxílio-doença
Leia mais: Goiás aposta no pequeno produtor para impulsionar economia