Goiás entre os 5 maiores exportadores de bovinos vivos do País diante de recordes nacionais
Estado exportou 7,5 mil toneladas dos bovinos em pé; principais destinos são Turquia, Marrocos e Argélia
O Brasil voltou aos holofotes do mercado internacional ao registrar, em 2017, o maior embarque de bovinos vivo do mundo, com mais de 27 mil bois transportados de uma única vez a partir do porto de Santos. Anos depois, o protagonismo se mantém.
De janeiro a novembro de 2025, o País já embarcou 952 mil bovinos vivos, superando todo o volume registrado em 2024, quando foram exportadas 948 mil cabeças. Mantida a média mensal, a expectativa é de que ao menos outras 86 mil sejam embarcadas em dezembro, o que deve consolidar o Brasil como o maior exportador mundial de gado vivo por via marítima.
A operação, realizada em um mega-navio adaptado para funcionar como uma verdadeira fazenda flutuante, reacendeu discussões sobre escala, bem-estar animal, retorno econômico e o papel dos Estados produtores. Nesse cenário, Goiás surge como peça estratégica, não pelo volume absoluto de animais vivos exportados, mas pela força da sua pecuária e pela consolidação como potência na produção e exportação de carne bovina.
O transporte de gado vivo em larga escala impressiona pela complexidade. Antes mesmo do embarque, os animais percorrem longas distâncias em carretas até os portos, passam por períodos de quarentena, inspeções sanitárias rigorosas e acompanhamento veterinário.
Dentro do navio, a operação segue protocolos específicos: há equipes formadas por veterinários, vaqueiros e técnicos responsáveis por alimentação, hidratação e monitoramento constante dos bois durante viagens que podem durar mais de um mês, principalmente rumo ao Oriente Médio, destino de cerca de 86% desse tipo de exportação brasileira. Embora o recorde tenha partido de Santos e Estados como o Pará que lideram o ranking nacional, Goiás também integra essa cadeia.
Números de exportações de bovinos em pé em Goiás
Em 2024, o Estado ocupou o quinto lugar na exportação de bovinos vivos, com 7.558,2 toneladas embarcadas e receita superior a US$ 18,7 milhões. Já em 2025, considerando o acumulado de janeiro a novembro, Goiás aparece na sexta posição, com 2.291,9 toneladas exportadas e faturamento de aproximadamente US$ 6,8 milhões. Turquia, Iraque, Marrocos e Argélia figuram como os principais destinos do gado goiano, segundo dados da Plataforma Aroeira de Inteligência de Mercado.
De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), o crescimento recente da exportação de gado vivo está diretamente ligado ao fortalecimento da sanidade animal e ao cumprimento rigoroso dos protocolos internacionais.
A atuação da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) na fiscalização e certificação dos rebanhos, somada aos investimentos dos produtores em genética e manejo, ampliou a confiança dos mercados compradores. Ainda assim, a Seapa pondera que esse modelo representa apenas uma parcela da atividade pecuária estadual.
Na prática, Goiás se destaca muito mais pelo processamento do que pela exportação de animais vivos. Em 2024, o Estado bateu recorde no abate, com cerca de 4 milhões de cabeças, e ampliou a presença da carne bovina goiana no mercado internacional.
Enquanto o Brasil exportou mais de 800 mil bovinos vivos no ano, com o Pará respondendo por cerca de 56% desse volume, Goiás concentrou esforços na agregação de valor, fortalecendo frigoríficos, gerando empregos e ampliando a arrecadação.
A discussão sobre rentabilidade divide opiniões. Defensores do gado em pé argumentam que o modelo atende às exigências culturais e religiosas de alguns Países e garante mercado ao produtor. Críticos, por outro lado, destacam que a exportação de animais vivos não é tributada, gera menor retorno ao País e transfere etapas importantes da cadeia produtiva para o exterior.
Além disso, o tema do bem-estar animal segue no centro da polêmica, especialmente em viagens longas por mar ou até por vias aéreas, como no caso do uso de Boeing 747 cargueiros.
No fim, o fato de o Brasil registrar o maior embarque de gado do mundo não é apenas um recorde logístico. É um retrato de como o País e Goiás, em especial, se posicionam em mercados globais cada vez mais exigentes.
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