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terça-feira, 16 de dezembro de 2025
Congresso Nacional

Congresso ignora transparência de emendas imposta pelo Supremo

Governo fez alterações no Portal da Transparência, mas dificuldade em saber quem foi beneficiado ainda persiste

Marina Moreirapor Marina Moreira em 16 de dezembro de 2025
Emendas
Alterações no Portal da Transparência ainda não permite localizar o autor de parte das emendas parlamentares - Créditos: Marcello Casal Jr/ABr

Alvo de operação da Polícia Federal (PF) na sexta-feira (12), as emendas parlamentares ao Orçamento seguem com um sistema pouco transparente e que mantém ocultos os padrinhos de mais de R$ 1 bilhão em verbas, mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) bloquear o pagamento dos recursos e exigir que o Legislativo adotasse novas regras.

Meses após o acordo que destravou o pagamento das verbas, o modelo adotado se provou inconsistente pois de acordo com informações da Folha de S. Paulo e com base no ano de 2025, os dados estão espalhados por mais de 40 arquivos nos sites das comissões da Câmara e do Senado, com erros de diagramação, links que dificultam a consulta e formatos que não permitem trabalhar os dados.

Os portais de transparência impedem que se saiba de quem foi a indicação da despesa paga, uma vez que a autoria nos portais do governo é a da própria comissão; e quase 10% das verbas nem sequer identificam o autor, mantendo o uso das chamadas emendas de liderança, dispositivo em que os líderes partidários recolhem pedidos de suas bancadas, mas assinam a destinação do recurso e escondem seu verdadeiro padrinho.

Emendas
Emenda é a forma com que deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para projetos pertencentes a suas bases eleitorais – Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

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Desvio de emendas

Na última sexta (12), a PF realizou uma operação contra o desvio de recursos de emendas parlamentares em endereços ligados a Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, assessora que coordenou a distribuição das verbas na gestão do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e seguiu com esse papel sob a presidência de Hugo Motta (Republicanos-PB).

Para o ministro do STF, Flávio Dino, que autorizou a operação da PF, “há elementos que indicam que, apesar da troca de comando na Câmara dos Deputados, a investigada manteria, ainda, importante papel nas já conhecidas tentativas de perpetuação do malfadado orçamento secreto”. A busca e apreensão ocorreu em um dos gabinetes da presidência, onde a servidora costuma despachar.

Emendas
Ministro do STF, Flávio Dino – Créditos: Sophia Santos/STF

Tuca afirmou, por meio de advogados, que cumpria função “técnica, apartidária e impessoal” e que todo o material apreendido era público. Motta e Lira saíram em defesa da auxiliar, com o argumento de que ela era uma servidora da Câmara e que não há irregularidade no direcionamento das emendas.

Ausência de transparência

No final de 2024, Dino bloqueou R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão, por falta de transparência. Esses recursos substituíram as antigas emendas de relator, que ficaram conhecidas por manterem em sigilo a distribuição de bilhões em dinheiro público para bases eleitorais de deputados e senadores, com critérios de transferência políticos e sigilosos. Parte é investigada por desvios e irregularidades.

O governo tem feito alterações no Portal da Transparência, entre outros canais de divulgação de informações sobre despesas federais, mas ainda não é possível localizar o autor de parte das emendas parlamentares.

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