Conheça a nova espécie de sapo descoberta no Brasil que recebeu nome em homenagem ao presidente Lula
Anfíbio minúsculo chamou atenção pelo canto raro e teve batismo científico ligado ao chefe do Executivo brasileiro
Um novo anfíbio brasileiro entrou para a lista de espécies conhecidas da fauna nacional. Cientistas identificaram na Serra do Quiriri, no Norte de Santa Catarina, uma espécie inédita de sapo-abóbora, batizada de Brachycephalus lulai. O animal tem cerca de 11 milímetros de comprimento e coloração alaranjada intensa, características que ajudaram a diferenciá-lo de outros integrantes do mesmo gênero.
A descoberta ocorreu em uma área de floresta de altitude localizada no município de Garuva. A descrição da nova espécie foi conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicada no periódico científico PLOS One. O nome científico faz referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o estudo, o Brachycephalus lulai integra um grupo de anfíbios miniaturizados que vivem em ambientes úmidos e de difícil acesso, geralmente escondidos sob a serrapilheira — camada formada por folhas e galhos no solo da floresta. Essa característica contribuiu para que a espécie permanecesse desconhecida por tanto tempo.
Os pesquisadores detalham que o trabalho de campo se estendeu por sete anos, com expedições realizadas em diferentes períodos. “Nossa equipe buscou documentar melhor a variação individual de todas as espécies de Brachycephalus no sul do Brasil, procurando-as em campo nos últimos sete anos”, descrevem os autores no artigo científico.

Canto incomum levou à descoberta
Embora a coloração chamativa ajude na identificação visual, o principal indício da existência de uma nova espécie foi sonoro. O canto de acasalamento do Brachycephalus lulai apresentou um padrão diferente do observado em outros sapos do mesmo gênero.
De acordo com os pesquisadores, os machos emitem grupos de apenas duas notas curtas e rápidas. Esse comportamento contrastou com vocalizações mais longas ou repetitivas de espécies aparentadas. “Ao contrário de outros exemplares do gênero, os machos se juntavam e cantavam rapidamente, com apenas duas rajadas curtas de som”, registram os autores.
O som peculiar orientou as buscas em campo e permitiu localizar os indivíduos em meio à vegetação densa da floresta nebular. A partir daí, os cientistas coletaram dados morfológicos e genéticos para confirmar que se tratava de um anfíbio ainda não catalogado.
Análises de DNA e tomografias computadorizadas foram usadas para examinar a estrutura óssea e as características genéticas do animal. Os exames confirmaram diferenças consistentes em relação a outras espécies conhecidas de Brachycephalus, tanto na anatomia quanto no material genético.
Leia mais: Fogos de artifício exigem cuidados redobrados com pets
Espécie de sapo vive em área restrita da Mata Atlântica
O estudo aponta que o Brachycephalus lulai é considerado microendêmico, ou seja, ocorre apenas em uma área bastante limitada da Serra do Quiriri, abrangendo poucos quilômetros quadrados da Mata Atlântica de altitude. Machos medem entre 8,9 e 11,3 milímetros, enquanto as fêmeas apresentam tamanho um pouco maior, variando de 11,7 a 13,4 milímetros.
Apesar da distribuição restrita, os pesquisadores informam que, até o momento, não foram observados sinais de declínio populacional nem ameaças diretas ao habitat da espécie. Por isso, o anfíbio foi classificado como de “menor preocupação” no estudo publicado.
Mesmo assim, o artigo científico destaca a presença do sapinho-abóbora em uma região que abriga outros anfíbios endêmicos e ameaçados. Nesse contexto, os autores sugerem a criação do Refúgio de Vida Silvestre Serra do Quiriri, uma categoria de unidade de conservação que não exige desapropriação de terras.
“A nova espécie é encontrada próxima a outros anuros endêmicos e ameaçados, justificando a proposta de criação do Refúgio de Vida Silvestre Serra do Quiriri”, afirmam os pesquisadores. Segundo eles, a medida pode contribuir para a manutenção das condições ambientais necessárias à sobrevivência dessas espécies ao longo do tempo.
A homenagem no nome científico, conforme descrito no artigo, também busca chamar atenção para iniciativas de conservação da Mata Atlântica e para a diversidade de sapos miniaturizados encontrados no Brasil.
Leia também: Janja sai em defesa da família Abravanel e acusa misoginia após fala de Zezé Di Camargo