Acordo Mercosul-UE é colocado em risco por França e Itália
Presidente Lula dá ultimato à UE e diz que tratado não terá outra oportunidade para ser assinado
O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul segue sem definição a poucos dias do prazo anunciado para sua assinatura. O tratado prevê a criação da maior zona de livre comércio do mundo, permitindo que países europeus ampliem a exportação de veículos, máquinas, vinhos e destilados para a América Latina, enquanto produtos sul-americanos como carne bovina, açúcar, arroz, mel e soja teriam entrada facilitada no mercado europeu.
Para viabilizar a conclusão do acordo, a UE propôs um pacote adicional de medidas voltadas à proteção do setor agrícola do bloco. Entre as concessões apresentadas estão salvaguardas mais robustas e a criação de um fundo de compensação para agricultores.
Premiê italiana chama assinatura do acordo de “prematura”
A possibilidade de assinatura no sábado (20), durante a Cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, passou a enfrentar resistência de governos europeus. Nesta quarta-feira (17), a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou no Parlamento italiano que considera “prematura” a assinatura do acordo nos próximos dias. Segundo ela, as garantias adicionais ainda precisam ser aperfeiçoadas e discutidas com os agricultores.
Meloni disse que as medidas propostas pela Comissão Europeia são insuficientes no estágio atual, mas afirmou que a Itália não pretende bloquear o acordo de forma definitiva. De acordo com a premiê, o país está disposto a aprová-lo quando forem incluídas garantias adequadas de reciprocidade para o setor agrícola, o que, segundo ela, pode ocorrer com o início do próximo ano.

A posição italiana se soma ao pedido da França para adiar os prazos de dezembro. O gabinete do primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, afirmou que Paris quer mais tempo para continuar trabalhando e “obter as proteções legítimas de que nossa agricultura europeia precisa”.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um ultimato para a assinatura do tratado. Nesta quarta-feira , o líder brasileiro afirmou: “se a gente não fizer agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente”, declarou.