Trump anuncia bloqueio de petroleiros e Maduro reage: “absolutamente irracional”
Presidente EUA diz que país está cercado, amplia pressão militar e mira petróleo em ofensiva contra governo Maduro
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (16) que determinou um bloqueio total a navios petroleiros alvos de sanções que entram e saem da Venezuela, ao declarar que o país está “completamente cercado” por forças norte-americanas. A medida ocorre em meio à escalada de tensões entre Washington e Caracas.
Em publicação na rede Truth Social, Trump disse que a Venezuela está cercada “pela maior Armada já reunida na história da América do Sul” e afirmou que a presença militar norte-americana na região continuará aumentando. “Ela só vai aumentar, e o choque para eles será como nada que já tenham visto — até que devolvam aos EUA todo o petróleo, terras e outros bens que roubaram de nós”, escreveu o presidente.
Trump acusou Maduro de usar o petróleo para financiar o que chamou de “regime ilegítimo”, além de associar o governo venezuelano a “terrorismo ligado a drogas, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros”. Em outra publicação, afirmou: “Pelos roubos de nossos bens e por muitos outros motivos, incluindo terrorismo, contrabando de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma organização terrorista estrangeira”.

Com base nessas acusações, o presidente norte-americano anunciou o bloqueio “total e completo” de todos os petroleiros sancionados que operam no país. Segundo o site Axios, ao menos 18 embarcações punidas pelos EUA estavam em águas venezuelanas no momento do anúncio. Há uma semana, forças norte-americanas interceptaram e apreenderam um desses navios, sem que Trump especificasse quais bens teriam sido “roubados” pela Venezuela.
Ainda, segundo uma reportagem publicada nesta terça-feira pelo The New York Times aponta que o petróleo se tornou prioridade central da ofensiva do governo Trump contra a Venezuela. Embora a Casa Branca afirme publicamente que a presença militar no Caribe tem como objetivo combater o narcotráfico, o jornal relata que assessores defendem ampliar o acesso norte-americano ao petróleo venezuelano.
Venezuela chama declaração de Trump de “ameaça grotesca”
O governo venezuelano reagiu ainda na terça-feira e afirmou que “rejeita a ameaça grotesca” de Trump. Em comunicado, Caracas classificou o bloqueio como “absolutamente irracional” e afirmou que a medida viola o livre comércio e o direito à navegação. “A Venezuela, no pleno exercício do Direito Internacional que nos ampara, reafirma sua soberania sobre todas as suas riquezas naturais, assim como o direito à livre navegação e ao livre comércio no Mar do Caribe e nos oceanos do mundo”, diz o texto.
O comunicado afirma ainda que o país recorrerá à ONU para denunciar o que chamou de “grave violação do Direito Internacional”. “A Venezuela jamais voltará a ser colônia de império algum ou de qualquer poder estrangeiro”, acrescenta.

Nesta quarta-feira (17), o governo Maduro afirmou que a exportação de petróleo e a navegação de navios petroleiros seguem normalmente, apesar do anúncio do bloqueio. “As operações de exportação de petróleo bruto venezuelano e de seus derivados seguem em funcionamento, apesar da tentativa de bloqueio ilegal e ilegítimo, por meio de esquemas seguros e garantias plenas”, afirmou a vice-presidente Delcy Rodrigues.
A escalada também gerou reações internacionais. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que as tensões podem ter “consequências imprevisíveis para todo o Ocidente”, uma semana após Vladimir Putin reafirmar apoio a Maduro. Já o chanceler chinês, Wang Yi, disse que Pequim rejeita “toda forma de assédio unilateral” e apoia a defesa da soberania venezuelana.