Ceias expõem desinformação e riscos ligados à lactose
Pesquisa da EMS mostra que desinformação ainda impacta bem-estar, uso da lactase e rotina de quem convive com a condição
Com a chegada das ceias e confraternizações de fim de ano, a lactose volta a ganhar destaque na rotina de quem convive com a intolerância. A presença de pratos tradicionais à base de leite, queijos e sobremesas intensifica sintomas físicos e emocionais, como dores abdominais, gases, diarreia e o receio de passar mal fora de casa.
Lactose além do desconforto físico
O impacto da lactose vai além do corpo. Medo, constrangimento e insegurança afastam muitas pessoas dos momentos coletivos à mesa. A falta de informação leva ao uso inadequado da enzima lactase e à exclusão alimentar desnecessária, comprometendo o convívio social.
Dados revelam confusão sobre a lactase
Uma pesquisa de consumo realizada pela EMS entre 2023 e 2025 mostrou que 74% dos usuários de lactase que ainda sentem sintomas são mulheres, majoritariamente na faixa dos 40 anos. O estudo revelou que 34% acreditam que basta tomar a enzima pela manhã para cobrir todas as refeições do dia, enquanto quase metade considera a lactase um medicamento.
Para Cínthia Ribeiro, diretora da unidade de negócios OTC da EMS, o cenário exige mais informação.
“A pesquisa mostrou que ainda existe muita confusão sobre o que é a lactase, para que serve e como deve ser usada. Isso reforça o quanto é importante orientar corretamente o consumidor para que ele consiga viver com mais liberdade e menos desconforto.”
Com orientação adequada, é possível conviver melhor com a lactose e participar das ceias com mais segurança e autonomia.
1. Intolerância à lactose é a mesma coisa que alergia ao leite. MITO
A alergia a proteína do leite de leite envolve o sistema imunológico e pode desencadear reações diversas, incluindo manifestações de pele, respiratórias e gastrintestinais, enquanto a intolerância à lactose é um distúrbio digestivo causado pela menor quantidade da enzima lactase, que atua na digestão do carboidrato. Embora possam ter sintomas parecidos em algumas pessoas, são condições completamente distintas e exigem orientações diferentes. “Na intolerância, os sintomas aparecem porque o corpo não consegue digerir, ou seja, “quebrar” o açúcar do leite. Ele fica parado no intestino e acaba fermentando, causando desconforto. Na alergia, o corpo confunde a proteína do leite com um inimigo e reage contra ela. Essa reação de defesa é que provoca os sintomas, que podem ser leves ou muito graves.” São condições clínicas diferentes e que precisam de abordagens específicas”, explica Rafaela Denardi.

2. A intolerância pode surgir mesmo depois da vida adulta. VERDADE
Pessoas que nunca tiveram sintomas na infância ou adolescência podem desenvolver intolerância com o envelhecimento. A produção de lactase diminui naturalmente ao longo da vida e isso pode alterar a tolerância aos alimentos que contêm lactose. “Muitos pacientes começam a notar desconfortos somente na fase adulta. Isso acontece porque a atividade da lactase diminui com o passar dos anos, o que é absolutamente comum”, afirma a médica.

3. Tomar lactase no início do dia funciona para todas as refeições. MITO
Apesar de muito difundida entre consumidores, essa prática não oferece o resultado esperado. A lactase atua de forma imediata e localizada durante o processo de digestão da refeição em que é ingerida. Por isso, deve ser tomada repetidamente, sempre próximo ao consumo de alimentos que contenham lactose. “A lactase não tem ação prolongada e não fica ativa por horas no organismo. Para ter efeito, precisa ser usada antes de cada ingestão que contenha lactose”, reforça Denardi.

4. Mesmo com intolerância, é possível consumir derivados do leite sem desconforto. VERDADE
Com a orientação adequada e o uso correto da lactase, muitas pessoas conseguem manter uma alimentação variada sem abrir mão de alimentos tradicionais do dia a dia. A enzima contribui para o conforto digestivo e reduz a necessidade de restrição. “A lactase devolve uma certa liberdade alimentar. Quando usada da forma correta, ela permite que o intolerante conviva com muito mais segurança e tranquilidade ao consumir alimentos com lactose”, diz a especialista.

5. Queijos duros e curados sempre causam sintomas em quem é intolerante. MITO
Queijos como parmesão e muçarela passam por processos que reduzem significativamente a quantidade de lactose, o que facilita a digestão e melhora a tolerância. Eles podem ser alternativas seguras para muitas pessoas que convivem com intolerância. “Queijos mais envelhecidos possuem teor muito menor de lactose e são frequentemente bem tolerados. Conhecer essas diferenças ajuda o consumidor a fazer escolhas mais confortáveis e menos restritivas”, explica a médica.

6. A intolerância à lactose não é uma condição perigosa, mas pode afetar qualidade de vida se não for manejada corretamente. VERDADE
A intolerância não representa risco imediato à saúde, mas os sintomas podem ser intensos o suficiente para limitar a rotina, prejudicar a alimentação e causar impactos emocionais. Com orientação profissional e o uso adequado da lactase, é possível evitar desconfortos e manter uma relação mais tranquila com os alimentos. “A intolerância não é grave, mas pode ser muito incômoda. Quando o paciente entende o impacto da lactose não digerida no organismo e a ação da lactase, bem como a maneira correta de usá-la, ele ganha conforto, previsibilidade e volta a se alimentar com mais segurança”, afirma Rafaela Denardi.