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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025
menos estresse

Férias escolares exigem rotina para evitar conflitos em casa

Mais tempo juntos pode fortalecer vínculos, mas exige acordos, escuta e planejamento para atravessar o recesso com menos estresse e mais segurança

Luana Avelarpor Luana Avelar em 29 de dezembro de 2025
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Foto: FreePik

O período de férias escolares altera a dinâmica familiar. Com crianças e adolescentes fora da escola, pais e responsáveis passam a conviver mais intensamente com os filhos, o que pode representar tanto uma oportunidade de fortalecimento dos vínculos quanto um desafio cotidiano. A quebra da rotina, a pressão por oferecer lazer e a necessidade de conciliar trabalho e cuidados domésticos tendem a elevar o nível de estresse dentro de casa, criando um ambiente propício a conflitos que, em períodos letivos, costumam ficar diluídos pela agenda escolar.

Especialistas apontam que manter uma estrutura mínima de rotina é um dos principais fatores de equilíbrio durante o recesso. Horários relativamente regulares para dormir e acordar, refeições organizadas e a alternância entre momentos de descanso, lazer e convivência sem telas ajudam a preservar o bem-estar físico e emocional das crianças. Ainda que as férias permitam maior flexibilidade, a ausência completa de regras pode dificultar tanto a convivência quanto o retorno às aulas no início do ano letivo.

“Durante o período de férias, é fundamental preservar uma rotina que contemple momentos de lazer, mas também horários regulares. A manutenção de horários para dormir e acordar contribui para a preservação do ritmo biológico das crianças, refletindo diretamente em seu desenvolvimento físico, mental e emocional. Além disso, envolver os filhos em algumas decisões, como a definição da programação das atividades, pode favorecer o sentimento de participação e reduzir situações de frustração”, destaca Leia de Almeida, doutora em educação e gerente socioeducacional do Marista Brasil.

O aumento do convívio familiar tende a evidenciar comportamentos que já existiam, mas passavam despercebidos na correria do dia a dia. Birras, agressividade, isolamento, apatia ou alterações no sono e na alimentação podem se intensificar, gerando tensão entre pais e filhos. Para Leia, o caminho passa pela escuta atenta e pela disposição de compreender o que está por trás dessas reações. “Muitas vezes, devido ao aumento do convívio familiar com os filhos, algumas preocupações já existentes com certos comportamentos, tais como birras, agressividade, apatia, isolamento, rebeldia ou problemas relacionados ao sono e à alimentação acabam se acentuando, o que pode gerar conflitos. É importante desenvolver ainda mais a sensibilidade para buscar compreender as causas e os motivos disso estar acontecendo. A escuta atenta, o diálogo é sempre a melhor alternativa. Busque se conectar com a criança, com o adolescente, com seu filho ou sua filha. Desligue também das suas telas por algum momento e olhe no olho deles e delas, explique o motivo de suas preocupações ou curiosidades com afeto e empatia”, afirma.

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Foto: FreePik

A sobrecarga dos adultos é outro elemento central nesse cenário. Pesquisa realizada em 2023 pela IWG, rede internacional de coworking, mostrou que 62% dos pais consideram estressante conciliar trabalho e cuidados com os filhos durante as férias escolares. Mais da metade dos entrevistados utilizam suas próprias folgas para cumprir essas responsabilidades, enquanto apenas 10% conseguem aproveitar integralmente o período de descanso. Diante disso, alternativas como colônias de férias, apoio de familiares ou a organização de rodízios entre pais de colegas surgem como estratégias para dividir tarefas e ampliar o convívio social das crianças.

O uso excessivo de telas também preocupa. Com mais tempo livre, cresce a tendência de recorrer a celulares, tablets e videogames, o que pode afetar o sono, a concentração e as relações sociais. Estabelecer horários definidos para o uso da tecnologia, combinados previamente com as crianças, ajuda a equilibrar o tempo online com brincadeiras, atividades físicas, jogos em família e passeios culturais, como visitas a museus e bibliotecas. “São momentos importantes para formação das crianças e dos adolescentes, não só fortalecem os laços afetivos, mas também criam memórias duradouras”, completa a gerente.

Além da organização da rotina, a segurança ganha peso redobrado durante o recesso. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria indicam que os acidentes envolvendo crianças podem aumentar até 25% nas férias, com maior incidência dentro de casa. Quedas, afogamentos, queimaduras e intoxicações estão entre as ocorrências mais frequentes. A prevenção passa por vigilância constante, orientação clara sobre riscos e cuidados práticos, como manter medicamentos e produtos de limpeza fora do alcance infantil e garantir o uso de equipamentos de proteção em atividades como bicicleta e skate.

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Foto: FreePik

Promover um ambiente seguro envolve também atenção às relações sociais e ao bem-estar emocional. A presença de adultos de confiança, o acompanhamento das interações e a observação de mudanças de comportamento ajudam a identificar situações de desconforto ou risco. Com comunicação aberta, limites claros e planejamento compartilhado, as férias podem cumprir seu papel de pausa e convivência, oferecendo descanso sem abrir mão da segurança e da saúde emocional de toda a família.

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Foto: FreePik

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