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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Visita de Flávio a Caiado, com Gayer, envolve Wilder e ainda repercute

Deputado federal do PL mira vaga no Senado e tenta reposicionar o partido em Goiás sem enfrentar disputa majoritária, mesmo que isso implique esvaziar candidatura própria ao governo

Nilson Gomespor Nilson Gomes em 29 de dezembro de 2025
Flávio
O encontro entre Flávio Bolsonaro, Ronaldo Caiado e o deputado Gustavo Gayer gerou repercussões nos bastidores Fotos: Divulgação Secom-GO/ Andressa Anholete Agência Senado /Mário Agra Câmara dos Deputados

Ronaldo Caiado (União Brasil) tirou folga de uma semana na terra natal da mulher, Gracinha Caiado, e de uns 30% dos goianos, o Nordeste brasileiro. É um tempo para o governador continuar digerindo a visita recebida em Goiânia do senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ), escolhido pelo pai para substituí-lo como candidato a presidente da República. O que Flávio tinha de fazer no Palácio das Esmeraldas, sede social da chefia do Executivo goiano, onde desde Pedro Ludovico moram o governador e sua família?

Quem o levou lá foi o deputado federal Gustavo Gayer (PL/GO), que deseja uma vaga na chapa do vice-governador Daniel Vilela, presidente do MDB goiano. O propósito da missão era que o ex-presidente Jair Bolsonaro abandonasse o senador Wilder Morais, presidente estadual do PL, que vai concorrer a governador de Goiás em 2026 contra Daniel, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e um nome das esquerdas ainda não decidido pelos líderes petistas Adriana Accorsi e Rubens Otoni (deputados federais), Delúbio Soares (sindicalista) e Edward Madureira (vereador em Goiânia).

É PRECISO TIRAR MUITA GENTE DO PÁREO

Gayer almeja chegar ao Senado. Para isso, o próximo objeto de seus desejos é abiscoitar a outra vaga na chapa governista, que, além de Daniel a governador, tem Gracinha ao Senado e três concorrentes a vice, o tripresidente José Mário Schreiner (Faeg, Senar, Sebrae), o ex-senador Luiz do Carmo e o secretário estadual de Governo, Adriano Rocha Lima, primo de Ronaldo Caiado. A vinda de Flávio forçaria uma barra que o governador quer resolver de forma democrática em sua base, pois estão no páreo ainda o deputado federal Zacharias Calil (União Brasil) e dois presidentes regionais de partidos aliados, o senador Vanderlan Cardoso (PSD) e o presidente da Agência de Habitação (Agehab), Alexandre Baldy (PP). Para satisfazer Gayer, é preciso atropelar três presidentes de grandes partidos.

Os dias de descanso com a família (as duas filhas de Caiado com Gracinha trabalham em São Paulo) estão servindo para Caiado deglutir ainda mais a visita inesperada. Se a meta de Flávio não era a mesma de Gayer, o que o filho do ex-presidente queria era Caiado de vice? Caso tenha sido isso, não conseguiu, pois a pretensão do governador é a cabeça da chapa. Ou Gayer imaginou Caiado desistindo da Presidência e sendo candidato a senador a seu lado na chapa de Daniel? Quer pouco, apenas a solidez do casado com os folguedos do solteiro, ganhar na Mega da Virada sozinho e sem jogar.

O DISCURSO QUE O AGRO APROVA

Por ter o discurso mais crível para o agro no País, Caiado seria o vice adequado não somente para Flávio e os demais governadores que permanecem na disputa, Tarcísio de Freitas (Republicanos de São Paulo), Romeu Zema (Novo de Minas Gerais) e Ratinho Jr. (PSD do Paraná). Seria bastante adequado também para o País, talvez sendo nomeado para o Ministério da Segurança Pública e Justiça ou a Pasta da Agricultura.

Mas isso é igual ao rato tentar colocar o guizo no pescoço do gato: Caiado sabe que não existe pré-candidatura a vice e tem certeza de que Wilder não vai deixar de ser candidato a governador apenas para agradar a Gayer. Afinal, por mais de uma vez o próprio Jair 

Bolsonaro reafirmou a militância pró-Wilder no Palácio das Esmeraldas e que a chapa do Senado seria discutida no decorrer da pré-campanha. Por enquanto, nos cálculos do ex-presidente, só existe uma candidatura confirmada do PL em Goiás, é a de Wilder a governador.

PARTIDO PRECISA LANÇAR NOMES MAJORITÁRIOS

Caiado é há muitos anos presidente de partido (PFL, DEM, agora União Brasil) e está cabeludo de saber que sem apresentar candidatos majoritários, principalmente para o Executivo, o partido não progride. Em 2022, mesmo com seu governadoriável (Vitor Hugo) tendo menos que o dobro da votação da novata Silvye Alves (União Brasil), o PL fez quatro deputados federais e o senador Wilder.

Com candidato ao Executivo, o partido recebe votos de legenda, apresenta seus princípios e, claro pode eleger o seu candidato. Outro caso é a estrutura, tão pretendida por Gayer. Integrar a chapa de Daniel o livra de fazer o trabalho de um líder que deseja cargos majoritários: filiar bons quadros para dispor de ótima nominata, oferecer-lhes recursos e preparação intelectual, além de manter olho vivo e faro fino para evitar traições. 

Os vídeos que não calam amizades antigas

O deputado federal Gustavo Gayer não conseguiu de Flávio Bolsonaro, que em algumas aparece em situação de empate com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o compromisso de retirar a candidatura do senador Wilder Morais. Primeiro que o governador não abordou esse tema com os dois senadores. Segundo que, por presidir uma sigla, conhece o ramerrão, trata-se de assunto interno do PL. Terceiro que Wilder e Caiado estão em polos diferentes, mas estiveram mais tempo lado a lado, o que nunca ocorreu entre o governador e o deputado federal do PL goiano. Circulam na internet diversos vídeos de 

Gayer tentando moer a reputação de Caiado, jogando-o contra a militância bolsonarista, e não se vê uma linha sequer de Wilder caindo nessas armadilhas verbais.

A amizade de Caiado com Jair vem de décadas no Congresso Nacional. Quando Gayer ainda não tinha mandato, Wilder e Caiado já estavam percorrendo o País para ajudar na sustentação política e parlamentar do Governo Bolsonaro. Os dois ajudaram a indicar, por exemplo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Em 2009, quando Gayer ainda era apenas empresário do ensino de inglês, Wilder já presidia diretório municipal do partido de Caiado (o DEM de Taquaral). Em 2019, quando Gayer ainda não havia conseguido mandato, Wilder era secretário de Indústria, Comércio e Serviços do 1º mandato de Caiado. Em 2020, Caiado lançou Wilder a vice de Vanderlan, ambos derrotaram Gayer no 1º turno para prefeito de Goiânia, mas perderam para o saudoso Maguito Vilela. 

Portanto, é difícil retirar a candidatura de Wilder, a menos que ele queira desistir e O HOJE conversou com ele diversas vezes sobre ele a partir da pergunta: “O sr. mantém a candidatura de governador?”. Todas as vezes, a resposta começa com “SIM” em letras maiúsculas seguidas de longa explicação sobre o que pretende fazer.

O resumo da visita, que Caiado deve remover logo da mente, por ter sido inservível, é que se tivesse dado certo seria ótima para os quereres de Gayer, o governador sairia dela no máximo cabo eleitoral de Flávio e o PL com a perspectiva de eleger no máximo dois deputados federais. Se a ideia fosse fortalecer o partido, Gayer se manteria no rumo da reeleição, filiando pessoas e robustecendo suas bases para ajudar a eleger meia dúzia à Câmara dos Deputados.

 

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