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domingo, 24 de novembro de 2024
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Cirurgia

Mulher de 50 anos é a 50ª paciente a fazer transplante no HGG

O Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) é o único hospital do Estado preparado para realizar esse tipo de procedimento desde 2018, quando foi habilitado pelo Ministério da Saúde

Postado em 17 de janeiro de 2024 por Ronilma Pinheiro
O procedimento cirúrgico tem uma média de oito horas de duração

O dia 4 de janeiro de 2024 marcou para sempre a vida de Luciana Castro Silva. Foi naquela quarta-feira, que a mulher recebeu um órgão que lhe deu o privilégio de continuar vivendo. A idosa de 50 anos, se tornou a 50° pessoa a passar pelo transplante no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), único hospital do Estado preparado para realizar esse tipo de procedimento desde 2018, quando foi habilitado pelo Ministério da Saúde.

A cirrose, em sua grande maioria, é causada pelo uso excessivo de bebidas alcoólicas,  mas também pode ser ocasionada por outras doenças como as hepatites autoimune B e C, que geralmente são desencadeadas pelo uso excessivo de remédios. No caso da Luciana, o problema de saúde se desencadeou em decorrência da hepatite autoimune. Há cerca de oito anos, a mulher foi diagnosticada com a cirrose biliar primária – doença hepática autoimune caracterizada pela destruição progressiva dos ductos biliares intra-hepáticos, provocando colestase e cirrose.

Foram anos de tratamentos até que a idosa recebeu a informação de que o seu fígado já não funcionava mais, durante uma avaliação semestral. A notícia foi um choque para a mulher. “Eu fiquei muito triste com a notícia”, lembra. No entanto, a boa notícia para Luciano viria após 14 dias, quando o médico disse para a mulher que ela passaria pelo transplante.

O transplante de fígado é considerado um procedimento bastante complexo pelos especialistas. O transplante é uma alternativa de tratamento para pessoas com doença hepática terminal, segundo o médico chefe do Serviço de Transplantes Hepáticos do HGG, Claudemiro Quireze. “Via de regra essa doença é a cirrose”, destaca.

Cirurgia

O procedimento cirúrgico tem uma média de oito horas de duração, onde o fígado doente é retirado e um novo é implantado no lugar. Quando a operação é bem sucedida, o paciente pode ter uma vida normal, precisando apenas de acompanhamento médico e do uso de drogas imunossupressoras.

Como essas cirurgias, de modo geral, são feitas de forma emergencial, o paciente não precisa passar por um período de internação antes de ser submetido ao procedimento cirúrgico. “Quando a gente fica sabendo da existência de um doador compatível, nós avisamos o receptor e esse receptor vem pro hospital imediatamente e nós fazemos a cirurgia”, explica o médico.

Para que a cirurgia seja autorizada o receptor precisa ter o sangue compatível com o doador. “Para o fígado a compatibilidade é sanguínea e precisa ter mais ou menos o peso e a altura semelhantes. Não precisa exatamente iguais, mas pelo menos semelhantes”, acrescenta. 

Os doadores, em sua grande maioria, são pessoas que tiveram morte cerebral. “Eles geralmente estão na quarta década de vida e tem ou morte por acidente vascular cerebral ou morte violenta. Via de regra é essa a história”, pontua Quireze.

O médico destaca que é possível que uma pessoa saudável pode doar parte do fígado também, apesar desse tipo de procedimento ainda não ser realizado em Goiás. Neste caso, parte desses órgãos são doados para crianças, segundo o especialista. “Esse tipo de tratamento teve início nos anos oitenta para contemplar as crianças. É uma categoria de pacientes pediátricos que também precisam de transplante”, salienta. “Parte de um fígado do adulto é suficiente para manter essa criança bem”, acrescenta.

Processo de transplante

Os pacientes são atendidos no ambulatório do hospital que funciona para pacientes que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Assim que os pacientes são referendados e examinados, havendo a indicação de transplante, eles são submetidos aos exames pertinentes para a realização da cirurgia. Nesse momento essas pessoas são incluídas numa lista única de espera.

A lista única é de responsabilidade da central estadual de transplante, responsável por fazer o cruzamento das informações de pacientes e doadores de órgãos. De acordo com o médico, a maioria desses doadores de Goiás são pessoas dos hospitais de urgência de Goiânia e Anápolis.

A partir do momento que surge um doador e todos os procedimentos são realizados, o hospital faz o contato com o paciente receptor. “A gente entra em contato com o paciente obedecendo naturalmente os critérios dessa lista única e o paciente que está aguardando pelo fígado ele vem aqui pro hospital, onde é submetido a uma operação”, detalha. 

Diferente dos rins, os episódios de rejeição aguda e hiperaguda no fígado são mais raros. Geralmente esses casos acontecem predominantemente no primeiro ano após o transplante, mas costumam ser controlados com um tratamento imunossupressor, de acordo com Quireze.

O chefe do Serviço de Transplantes Hepáticos do HGG afirma ainda que durante esse primeiro ano, é importante que o paciente transplantado faça o acompanhamento necessário junto ao centro transplantador. Após passar esse período essa pessoa praticamente ganha experiência.

Os remédios imunossupressores que fazem parte do tratamento diário são oferecidos pelo SUS. “Ele se acostuma a usar esses imunossupressores e quando usados de forma correta a tendência é que esses episódios de rejeição não aconteçam”, afirma.

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