Moradores rejeitam laudo de construtora e negam voltar a prédio
O deslizamento de terra ocorreu na madrugada de segunda-feira (15) na rua 1128, no Setor Marista, em Goiânia
Moradores de um dos prédios evacuados após deslizamento não aceitaram retornar às moradias mesmo depois de a construtora apresentar documento negando que haja risco para os edifícios vizinhos à obra. O deslizamento de terra ocorreu na madrugada de segunda-feira (15) na rua 1128, no Setor Marista, em Goiânia.
Na manhã de terça-feira (16), a empresa apresentou um dos laudos técnicos que apontam, supostamente, segurança do condomínio Catas Altas aos moradores junto às autoridades. De acordo com o documento assinado por Antônio Aparecido de Oliveira, diretor da consultoria Geometria Fundações, de São José do Rio Preto, em São Paulo, não há risco à integridade do condomínio. “Fizemos todas as verificações necessárias e podemos atestar com plena segurança que não existem riscos ao edifício decorrentes do evento. Quanto às pequenas fissuras no piso do subsolo, podemos afirmar que não estão relacionadas ao evento”.
A empresa ainda declara que o aparecimento dessas fissuras não tem relação com a obra desmoronada. “Fizemos o monitoramento e não apresentaram qualquer movimentação. Esclarecemos que o aparecimento de fissuras como estas são naturais em edificações vizinhas que estão em fase de execução de cortina de contenção, o que é o presente caso”, diz a consultoria por nota.
Contudo, o morador Daniel Adorni disse que as rachaduras surgiram após o deslizamento da obra e não antes como havia dito a consultora. “Nós tivemos várias rachaduras no nosso prédio três horas após o incidente. O laudo que nos foi apresentado não consta fotos, histórico das visitas ou até mesmo a pessoas que o fez, e ainda falam que as fissuras não tem nada haver”, diz o homem.
Porém expressa que a queixa é apenas um protesto à forma como o laudo foi apresentado aos moradores. “Ninguém dos moradores tão falando que a Opus se recusou a olhar os nossos problemas, só estamos preocupados. Temos dois moradores que são engenheiros que também falaram que temem pelo pior”.
O edifício Catas Altas foi o segundo a ser evacuado às 10h horas da manhã devido ao surgimento de duas fissuras no pavimento do prédio bem como em outras regiões do edifício, por causa disso, a Guarda Civil Municipal de Goiânia (GCM-Go) fez a desocupação do condomínio. Segundo o coordenador da GCM, Robledo Mendonça, a retirada das pessoas foi uma medida preventiva para preservar a segurança física e a saúde dos moradores. Dentro disso, ainda não há previsão de retorno para os moradores do condomínio Villa Lobos.
Entretanto, os donos dos apartamentos recusaram o parecer da Opus e uma discussão se iniciou para que a empreiteira se responsabilize dos danos acometidos ao edifício além relatarem que ainda temem pela vida e pelo imóvel. A reportagem do jornal O Hoje entrou em resposta com a construtora mas não obteve uma resposta até a publicação da matéria.
A equipe de reportagem do jornal O Hoje apurou também que já foi feito um acionamento prévio do Ministério Público de Goiás sobre o desabamento da obra para o providenciamento da segurança da obra e dos outros edifícios. Segundo a entidade, a queixa foi direcionada na tarde do dia 15 para a 81º Promotoria de Justiça de Goiânia com propósito de instaurar um procedimento preparatório com as entidades municipais competentes.
Dentro disso, o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO) diz que encontrou sinais de degradação estrutural nos dois prédios evacuados pela GCM ainda neste dia 15, em especial no prédio Villa Lobos que foi interditado pelo desmoronamento da obra. Em entrevista ao jornal O Hoje, o professor de engenharia estrutural Bruno Rocha disse também que não era possível ver danos com as imagens obtidas pelo jornal, mas que um estudo de terreno e de se segurança deveria ser feito. “Pelo que eu vi não há dano nas estruturas próximas, mas provavelmente tiraram os moradores como prevenção, mas ainda é necessário uma nova sondagem”.
O motivo real do incidente ainda permanece um mistério já que a causa oficial ainda não foi fornecida pela incorporadora devido a uma análise que ainda segue, mas o professor elabora que podem haver vários motivos, tanto internos como externos. “Tem vários fatores que podem fazer esse desmoronamento da obra, desde um erro interno como um erro no projeto, mas também temos motivos externos como uma pressão do solo acima do normal na estrutura de contenção”, explica.