Candidatura de Jânio favorece projeto de reeleição de Cruz
Leitura é que o eleitor que não for convencido por Darrot tende a buscar uma candidatura mais ‘equilibrada’, de centro
O comentário, nos bastidores da política goianiense, é que o governador Ronaldo Caiado (UB) está, de fato, inclinado a apoiar a candidatura do ex-prefeito de Trindade, Jânio Darrot (MDB), em Goiânia. Ensaios nesse sentido já foram apresentados à população goianiense que viu, recentemente, o ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (PRD, rumo ao MDB) declarar publicamente seu apoio ao nome de Jânio na corrida — Mendanha, vale lembrar, além figurar como um dos principais aliados do governador e seu vice, Daniel Vilela (MDB), tem votos na capital.
O maior desafio de Darrot, neste momento, é, sem dúvidas, se viabilizar. O político, como dito, é ex-prefeito de Trindade, onde foi reeleito. Seus oito anos à frente da administração municipal de uma das principais cidades de Goiás somados às pesquisas internas realizadas pelo governo, que sinalizam o anseio do goianiense por alguém com experiência, é que nutriu o sonho de Darrot e de alguns integrantes da base caiadista em vê-lo na disputa.
Frisa-se: alguns. Isso porque uma outra parte significativa da base do governador aposta não em um perfil, mas em um nome. Isso quer dizer que defendem que Bruno Peixoto, presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), seja o candidato governista. Acontece que Bruno figura em qualquer pesquisa de intenção de votos muito à frente de Darrot. Nesse contexto, portanto, seria uma alternativa com chances bem maiores de terminar eleito, enquanto Darrot ainda transparece ser um grande desafio que carece de construção.
De volta, porém, ao que se tem hoje, o cenário é o seguinte: Jânio tem circulado pelos bastidores como, por ora, o candidato de Caiado. Ele diz querer consenso e chegou a declarar em entrevista coletiva que não quer ver o seu nome empurrado “goela abaixo”. Em paralelo, em um passado não muito distante, o presidente da Alego declarou que recuaria do seu projeto rumo à Goiânia para focar exclusivamente na construção de seu nome para o cargo de deputado federal em 2026.
Pois bem, diante de toda essa engenharia política, a leitura daqueles que circulam pelos bastidores do poder é que, caso Darrot termine escolhido pelo governo, isso só favorece o projeto de Rogério Cruz (Republicanos), que já decidiu brigar pela reeleição. Cruz não pode, nem deve, ser menosprezado. O político tem tocado uma sequência de obras importantes para a cidade e encabeçado projetos que prometem resgatar a cultura e a imagem da região central de Goiânia — por décadas abandonada. Mas não só: não se pode esquecer que Rogério tem a máquina na mão. Isso, em qualquer disputa, oferece uma vantagem minimamente invejável.
Um outro argumento sustentado por aqueles que acreditam que um eventual apoio a Darrot favoreceria Rogério passa pela análise dos demais candidatos. Na interpretação das fontes, o eleitor que votaria em Bruno e não votaria em Darrot tende a migrar para uma candidatura mais equilibrada, de centro. O que não é sinônimo de Adriana Accorsi (PT) e Gustavo Gayer (PL); em outras palavras, os candidatos do petismo e bolsonarismo. Sendo assim, a alternativa seria Cruz, um político, agora, experimentado e que teria a chance de dar continuidade aos projetos em andamento.