PF vai usar admissão de Bolsonaro sobre minuta de golpe como evidência em investigação
“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição?”
Em uma das falas na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde de domingo (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter conhecimento da minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, em janeiro de 2023. A Polícia Federal (PF) vai usar a fala como evidência em investigação, segundo a colunista Malu Gaspar, de O Globo.
“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição”, disse Bolsonaro enquanto tentava explicar as acusações da PF contra ele.
E emendou: “Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio.”
Em relação a minuta, tratava-se do rascunho de um decreto para instalar um “Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral”. O intuito era “garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022”.
Em 8 de fevereiro deste ano, a PF deflarou contra Bolsonaro e aliados a operação Tempus Veritatis. A ação investiga tentativa de golpe de Estado. A convocação para o ato na Paulista, que reuniu cerca de 185 mil, segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), foi uma reação a investigação.