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domingo, 24 de novembro de 2024
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Saúde

Médico explica como é feita a laqueadura em maternidades de Goiânia

A idade mínima para mulheres optarem pela cirurgia de laqueadura tubária é de 21 anos, e pode ocorrer independentemente do número de filhos vivos

Postado em 28 de fevereiro de 2024 por Ronilma Pinheiro
Em caso de cesariana

A estudante de jornalismo da Universidade Federal de Goiás, Samanta Nascimento, de 21 anos, está no quinto período da faculdade e já decidiu que ter filhos não faz parte dos seus planos futuros. A razão é que a jovem não consegue se enxergar como mãe. “Eu não consigo me enxergar sendo mãe, é algo que já debati comigo mesma e com minha psicóloga”, afirma a estudante.

Experiências ocorridas em sua trajetória as quais lhes deixaram traumas contribuíram para que a decisão fosse tomada. A ideia de ter um ser humano que possa ser totalmente dependente da jovem a assusta. “Me causa agonia e nervoso, além do mais, educar uma criança no mundo hoje exige muito da gente, e eu não estou e sinto que nunca estarei preparada para tal responsabilidade”, comenta, ao afirmar que a sociedade contemporânea e outros fatores a levaram a enxergar que a maternidade não é a melhor opção.

Sabrina Conceição, 20 anos, estudante de Ciências Contábeis, também partilha da ideia de não se tornar mãe. “Sim, tenho vontade de fazer, primeiro porque não tenho vontade de ser mãe”, afirma. Além disso, a estudante destaca que o ato de ser mãe traz grandes responsabilidades e renúncias. “ É necessário abrir mão de muitas coisas, na qual não estou disposta, como carreira, tempo e meu próprio corpo na verdade”, salienta. Para a jovem, ser mãe pode ser um fardo pesado no mundo contemporâneo.

Assim como as duas jovens, há milhares de mulheres que querem fazer o procedimento, desde aquelas que já passaram pela experiência de ser mãe, até aquelas que  nunca experimentaram a maternidade, como é o caso das duas jovens ouvidas pela reportagem do jornal O Hoje.

O fato é que a cirurgia de laqueadura pode ser feita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) nas maternidades municipais de Goiânia, mas o processo envolve diversas etapas, requisitos específicos e considerações médicas importantes. O primeiro passo é procurar uma unidade básica de saúde, onde a paciente receberá orientações iniciais sobre métodos contraceptivos disponíveis. A explicação é do ginecologista e obstetra Rogério Cândido.

Diante da apresentação, caso a mulher opte pela cirurgia de laqueadura tubária – procedimento irreversível – ela precisa passar por avaliações clínicas e psicológicas para garantir que a decisão seja tomada de forma consciente e informada. Após isso, há o encaminhamento via regulação da Secretaria Municipal de Saúde para o procedimento em uma das maternidades municipais da capital, de acordo com o especialista.

Outra opção para a paciente é fazer o procedimento no período de parto, segundo destaca o ginecologista, podendo a cirurgia ser feita imediatamente no pós-parto normal. Esse tipo de cirurgia é minimamente invasiva, com incisão periumbilical. Em caso de cesariana, a laqueadura poderá ser feita durante o ato cirúrgico, segundo o médico.

Cândido pontua ainda que durante o processo de avaliação da paciente são analisados diversos critérios médicos para determinar a elegibilidade para a cirurgia. Nesse sentido, são analisados o estado de saúde geral e histórico obstétrico; condições clínicas pré-existentes e aconselhamento sobre os riscos e benefícios do procedimento.

Mudança na legislação

A Lei nº 14.443/2022 sofreu alterações recentes que trouxeram benefícios significativos para mulheres que optam por fazer o procedimento. Assim, a legislação ampliou o acesso e delimitou prazos de espera para o procedimento, garantindo maior agilidade e eficiência no atendimento às demandas das pacientes. 

A partir da mudança, a idade mínima para mulheres optarem pela cirurgia de laqueadura tubária baixou para 21 anos, e pode ocorrer independentemente do número de filhos vivos. Além disso, foi definido um prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação de vontade e o ato cirúrgico. Assim, não é mais necessário o consentimento expresso de ambos os cônjuges para a realização de laqueadura tubária.

Oferecer a cirurgia de laqueadura pelo SUS é uma medida fundamental para permitir que as mulheres exerçam controle sobre sua fertilidade e tomem decisões informadas sobre sua saúde reprodutiva, é o que afirma Rogério.

Ao se dirigir para uma unidade básica de saúde a fim de fazer uma laqueadura é necessário levar documentos pessoais como RG e CPF, cartão SUS, comprovante de residência e certidão de nascimento, no caso de filhos vivos, para atendimento.

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