Só 30% das empresas familiares no Brasil chegam à 3ª geração, diz pesquisa
Estas organizações, por sua vez, são responsáveis por 75% das oportunidades de emprego no país e pela metade do seu Produto Interno Bruto (PIB)
Cerca de 90% das empresas no Brasil são de origem familiar, é o que apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estas organizações, por sua vez, são responsáveis por 75% das oportunidades de emprego no país e pela metade do Produto Interno Bruto (PIB) da nação.
Até aí tudo bem, mas o cenário começa a ficar preocupante a partir de um levantamento do Banco Mundial que revela que somente 30% dessas empresas familiares chegam até a 3ª geração e apenas metade delas sobrevivem à segunda.
Este resultado é definido no momento de passagem de bastão de uma geração para outra, é o que afirma o especialista em sucessão familiar e governança corporativa De acordo com Marcelo Camorim. Para o profissional, o momento costuma ser um dos momentos mais delicados na trajetória de uma organização, uma vez que determina se ela vai continuar existindo ou se será encerrada.
Os motivos que podem provocar o insucesso neste momento de transição entre as gerações, são vários. Camorim destaca que um deles é o fato de que nem sempre os filhos querem assumir os negócios dos pais, ou quando assumem, não se preocupam em modernizar o negócio ou adotar condutas de gestão profissional.
O especialista explica ainda que ter um plano de sucessão, elaborado de forma profissional, é uma das estratégias fundamentais para que uma empresa passe de uma geração para outra de forma que se fortaleça. Assim, o especialista em Gestão, apresenta algumas condutas essenciais para garantir a sobrevivência de empresa, quando passada para outros sucessores.
A primeira delas é o que Camorim chama de Maturidade dos fundadores. Desse modo, mesmo que se trate de uma marca sólida e reconhecida no mercado, o fundador ou fundadores precisam entender que, ainda assim, a companhia precisa modernizar sua gestão e a cultura de governança corporativa. O especialista salienta que as mudanças nos dias atuais são mais dinâmicas do que no passado e só sobrevivem aquelas empresas que não têm medo de se adaptar.
Em segundo lugar, está a Gestão Profissional, ou seja, muitas empresas familiares até sobrevivem por muitos anos com uma gestão sem nenhuma profissionalização, onde a rotina da família se mistura com a dinâmica da empresa. Mas esse modelo de negócios, apesar de muitas vezes não fechar a organização, pode deixar a empresa estagnada e sempre operando no limite. Daí a importância de se ter uma profissionalização da gestão. Assim, os conflitos entre gerações são todos resolvidos para o bem da empresa, de acordo com Camorim.
O terceiro ponto é manter aqueles funcionários que conhecem bem a empresa. Marcelo Camorim explica que mesmo que se tenha um profissional de gestão altamente capacitado, capaz de trazer sua visão de fora sobre o negócio, é importante ter na gestão alguém que de fato conheça a história, a cultura e o mercado onde a empresa atua.
Além dessas orientações, o profissional destaca ainda que é importante investir nas gestões futuras ainda no presente. Isso significa que apesar do processo de sucessão em andamento ou recém-concluído, a empresa precisa já inserir a próxima geração no negócio, mesmo que seja de forma indireta, como um membro de um conselho administrativo, por exemplo. “Essa ideia de um conselho que envolve os mais jovens da família é uma forma de prepará-los para o futuro”, afirma.
Entender as mudanças do mercado também é um importante aliado nessa passagem de uma geração para outra, de acordo com o especialista. Para isso, é necessário estar atento não só ao mercado consumidor que a companhia atende, mas também aos processos de produção e se de fato atendem às necessidades do público da empresa.
Para Camorim, também faz parte da evolução da empresa, a superação das resistências internas. Para que isso aconteça, os fundadores precisam ter o desejo de promover a mudança e desenvolver um projeto de inovação para a organização. “A resistência é normal e ela vai acontecer. Por isso, qualquer mudança precisa ser apoiada pelos fundadores. Se eles não quiserem, não vai dar certo”, explica o especialista. Marcelo acrescenta que, no decorrer do processo, muitas vezes algumas pessoas não vão se adaptar ao novo modelo e, neste caso, é preciso estar aberto a aceitar que esses indivíduos deixem a participação ativa na empresa. Isso será mais saudável para a pessoa e para a empresa.