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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Crime Ambiental

Transbordo de água contaminada de uma mineradora causou mortandade de peixes em 2022, segundo a Polícia Civil

Alto índice de rejeito contaminante foi encontrado na represa da mineradora em Crixás

Postado em 28 de março de 2024 por João Reynol
Municípios de Crixás é lar de cerca 17 mil habitantes | Foto: Divulgação/Polícia Civil

No último dia do mês de maio de 2022, moradores de Crixás ficaram horrorizados com um grande número de peixes mortos na ribanceira do Rio Vermelho, que pode ter chegado a centenas de peixes afetados pelas imagens compartilhadas nas redes sociais. Em seguida, uma investigação por parte da equipe da Prefeitura de Crixás levantou a suspeita de um suposto crime ambiental ocorrido nas proximidades.

Contudo, a resposta do problema pode ter ressurgido nesta quarta-feira (27) cerca de dois anos depois com o fim do inquérito da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema). Segundo o delegado Luziano Carvalho da Dema, ao jornal O Hoje, o fim do inquérito aponta para um vazamento de água de uma represa de mineração a pouco mais de um quilômetro da cidade. Nestes casos, a água da barragem continha “alto índice de rejeito danosos à sociedade”, como apurado pela Polícia Técnico Científica em conjunto com análise da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

De acordo com ele, uma possível pequena quantidade de materiais contaminantes de alto risco em grandes densidades pode ter vazado da represa a partir da falha de um equipamento do local. “Quando fomos lá encontramos que a bomba de água da represa estava quebrada e por isso transbordou água contaminada de resíduos tóxicos para o curso da água”, apesar do potencial risco, luziano esclarece que até o momento não houve contaminação humana.

Segundo ele, foi constatado manchas e uma textura oleosa da água pela perícia feita pela delegacia em pontos específicos do rio. Todas as partes contaminadas foram retiradas e tratadas pela secretaria. Com isso, Luziano alerta que não há previsão de que ainda restam os materiais contaminantes nos pontos analisados. O inquérito finalizado já foi enviado para a justiça municipal para que a empresa se responsabilize do dano ambiental. 

Contudo, esta não foi a primeira vez que Rio Vermelho foi vítima de uma contaminação. Como alerta o delegado, pode ser dito que o vazamento de rejeitos para a água do rio é algo “recorrente”. “Nós temos uma situação de mortalidade de peixes que é muito recorrente naquela região. Em 1994 houve mortalidade de peixe por contaminação de cianeto e arsênico, em 2020 tivemos outra situação envolvendo a alteração das análises de água, e agora temos outra em 2022”. Por causa desta recorrência, Luziano acredita ser necessário maiores medidas para resguardar a vida local bem como as cidades e comunidades que dependem do rio para a sobrevivência.

Ainda sobre isso, houve outro incidente no começo de março de 2024 envolvendo mortes dos animais em quatro pontos do Rio Vermelho, até o seu encontro com o Rio Araguaia, pelo baixo grau de oxigênio dissolvido na água. Contudo, o caso ainda segue em investigação pela secretaria. E similarmente, uma das suspeitas apontada pela pasta é a possibilidade do despejo irregular  de resíduos orgânicos no rio em grande escala.

Apesar do término do inquérito, este pode não ser o fim da história como um todo, como fala o delegado. De acordo com ele, planeja um acompanhamento em uma nova pesquisa de campo no município para averiguar se ainda existem materiais contaminantes em outros pontos do rio, bem como se afetou a população do município. “A partir da conclusão deste inquérito, nós iremos voltar para ver como realmente está a situação de saúde dos crixaenses”.

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