Grupo de Caiado e Mendanha quer Vilmar, mas aguarda avanço nas pesquisas
Reunião estabeleceu estratégias para que o prefeito de Aparecida ainda tenha apoio do Palácio das Esmeraldas
Vilmar Mariano é um querido. Turrão, ou seja, teimoso, obstinado, cismado, mas é um querido por toda sorte de políticos em Aparecida. E pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil), mesmo que o sucessor de Gustavo Mendanha fosse uma unanimidade, lá em 2022, entre os prefeitos, que defendiam, publicamente, o projeto do mendanhismo contrário ao caiadismo pelo Palácio das Esmeraldas.
De fato, Caiado venceu o pleito. Foi reeleito ainda no segundo turno. A campanha de Mendanha, embora possa pensar que saiu derrotada, teve ganhos políticos à trajetória. Caiado, não demorou, chamou a ele e ao prefeito Vilmarzinho para a base. É assim mesmo: a boa política se faz com diálogo.
Agora, no entanto, o grupo de Mendanha – leia-se do emedebismo encabeçado pelo maguitismo – está preocupado com o projeto de continuidade na cidade. Vilmar capenga na caminhada. Mas, nas últimas semanas, disse que não deixaria o plano de tentar a recondução ao cargo de prefeito. E até que deixaria – outra vez – o MDB e se filiaria a algum partido para tentar o pleito.
O problema é grave: pode-se criar uma fissura na base. Uma fissura que levaria ao fracasso do grupo em continuar dando as cartas em Aparecida e conceder ao deputado federal Professor Alcides (PL) o poderia por pelo menos quatro anos. E, como se sabe, com a máquinas, o empresário poderia ficar mais quatro anos. E, dependendo da sua força e popularidade, fazer um sucessor. E tudo isso desespera alguns, principalmente Daniel Vilela, o presidente do MDB.
Afinal, Aparecida foi a cereja do bolo da biografia do seu pai, o ex-prefeito Maguito Vilela, que transformou a cidade da água ao vinho. A cidade, que antes era predominantemente dormitório – povo atravessava a cidade para trabalhar em Goiânia, Trindade e Senador Canedo, por exemplo – para tornar-se em uma das referências na industrialização em Goiás. Maguito rasgou a cidade com avenidas e pontes. Viabilizou a construção de condomínios verticais e horizontais.
Após dois mandatos, Maguito precisa de um sucessor. Depois de uma negociação, foi escolhido, pelo próprio Maguito, o então vereador Gustavo Mendanha, também do MDB. Mendanha fez um sucesso danado, colhendo frutos de Maguito e plantando outras tantas sementes. Foi reeleito em 2020 com quase 98% dos votos do aparecidense. Foi o prefeito mais bem votado no Brasil. Onde passava, era estrela.
Mendanha queria mais. E tentou ‘peitar’ o projeto de Caiado em 2022. Como já foi citado anteriormente, Caiado saiu vencedor. Vilmarzinho, então, assumiu ao posto de prefeito de Aparecida. Enfrentou diversas dificuldades, mas manteve otimismo que demonstrou, inúmeras vezes, em entrevistas, sobretudo ao jornal O Hoje. Ele, de certa maneira, dava continuidade às obras. Mas desagradou algumas vezes. Mas quem nunca?
Na reunião desta quarta-feira, no escritório político de Gustavo Mendanha no Setor Sul, a conversa foi franca: Vilmarzinho precisaria apresentar bons resultados nas próximas semanas. Tanto na cidade quanto em pesquisas. Caso contrário, teria de entender que, para não prejudicar o grupo, o melhor seria apoiar o nome do governo, o ex-deputado federal Leandro Vilela – primo de Daniel e sobrinho de Maguito.
A intenção é repetir o que foi feito em São Paulo. Também do MDB, Ricardo Nunes foi colocado na parede pela legenda. Teria de dar resultados, crescendo numericamente nas pesquisas. E, ao que parece, deu certo. Ele já está bem colado ao principal candidato da oposição, o deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL.
Antes da reunião, Gustavo Mendanha conversou com a reportagem e assumiu que a intenção, ao dar mais tempo para Vilmar Mariano, é evitar um racha que, para ele, seria desastroso. “Precisamos ter alguém vitorioso”, comentou. E lembrou que o governador Ronaldo Caiado foi categórico sobre a intenção de o grupo vencer na cidade. “O governador foi categórico que a gente não pode teimar com pesquisa. O momento não é legal. A gente não quer passar por cima de ninguém. É tentar um bom termo. Ou [Vilmar] viabiliza ou Leandro vai ser o nome escolhido. Ele está bem nas pesquisas mesmo sem ter sido lançado”, disse Mendanha.
E seguiu: “Leandro foi deputado federal. Muito do primeiro mandato de Maguito tinha dedo de Leandro. Ele foi coordenador de campanha em Aparecida do Daniel quando disputou o governo [em 2018]. Agora, estamos dando a oportunidade de ele [Vilmar] mostrar que é viável”.