“Quase perdi R$ 1500”, diz homem após se esquivar de golpe on-line
Especialista informa como ocorrem as fraudes e estelionatos virtuais e fala de dicas como se proteger
Quando o servidor da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) Werciley Silva navegava pelo instagram em abril de 2024, se deparou com um anúncio que pareceria ter sido feito para ele. Uma suposta advogada previdenciária do Ceará anunciava uma consulta de aposentadoria com todos os serviços planejados como o cálculo trabalhista e uma equipe para dar suporte ao processo. “Já estava precisando conferir quando poderia me aposentar depois de anos de contribuição para o INSS.”
De relance, a página tinha duas características de um perfil confiável: postagens bem editadas e uma pessoa por trás das câmeras com quem poderia conversar. Contudo, logo após o início da interação, ela exigiu um depósito de R$ 150 para que pudesse ser feita uma chamada de vídeo. Como não acreditava ser algo fora do normal, Werciley fez a transferência na mesma hora. Mas assim que começou a falar com a mulher, lhe cobrou novamente um valor de R$ 1,5 mil para continuar com a conversa e para um suposto pacote que iriam lhe fornecer.
“Nenhum dos dois valores estavam no anúncio ou na página do instagram e nem me foram relatados anteriormente. Rejeitei e pedi o dinheiro de volta, mas ela negou e falou que iria ter de conversar com a equipe. Depois disso nunca mais me respondeu ou retornou à consulta. Quase perdi R$ 1500”, afirma.
Casos como este são comuns na internet e podem acontecer com qualquer indivíduo, não importando a idade ou condição financeira como diz o especialista de segurança cibernética Tiago Sabino que trabalha na área há 22 anos. “Hoje os golpes mais comuns são de engenharia social que miram os indivíduos diretamente através de mensagens no Whatsapp, instagram e até por ligações celulares”.
Segundo o especialista, os golpistas pegam as informações pessoais de indivíduos em listas de dados vazados do governo. Como exemplo, relata que o vazamento do SUS de maio de 2024 disponibilizou dados pessoais de mais de 2 milhões de brasileiros como o CPF, email, e número de telefone celular. Os criminosos então se aproveitam destes dados para criar mensagens falsas a fim de invadir os dispositivos e computadores para duplicar o acesso das mensagens privadas para o golpista.
Os criminosos então usurpam este acesso das vítimas e pretendem ser elas em mensagens privadas dentro de seu aplicativo de conversa. O jornal O HOJE adquiriu em primeira mão exemplos de como esses casos ocorrem com os amigos e pessoas próximas das vítimas. Dependendo das ferramentas que os golpistas usam, conseguem forjar a voz da vítima via Inteligência Artificial (IA). Nestes casos, o especialista recomenda que o indivíduo fique atento com o tom da conversa e com pedidos de envios de dinheiro de última hora.
Por causa disso ele fala que atualmente não existe diferença ou grupos de risco para as vítimas de golpes. “As pessoas que mais acreditam estar imunes desses golpes são as que mais são vítimas. Essa parcela da população abaixa a guarda diante dos crimes e podem ficar mais desatentos no dia a dia”.
Em casos de anúncios enganosos nas redes sociais como o de Werciley, Tiago fala que as ferramentas de pesquisa são essenciais para garantir a veracidade da propaganda e do portal anunciante. E comenta como outras ferramentas de checagem de informação como o Reclame Aqui também podem ser essenciais para verificar a integridade do serviço oferecido.
Por fim, alerta para os chamados “golpes sazonais” que são enviados durante determinadas épocas do ano associadas com promoções comerciais e debitação de contas. Com o fim do ano se aproximando começam também os golpes de boletos do pagamento como do IPVA e de cupons falsos.