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sábado, 23 de novembro de 2024
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Problemas de Visão

Número de goianos com restrições na CNH por problema de visão salta 129%

Quantidade de motoristas goianos com problemas oftalmológicos saltou de 365 mil para 830 mil nos últimos 10 anos

Postado em 18 de julho de 2024 por Ronilma Pinheiro
27% do total de condutores com CNH no Estado utiliza óculos

O número de goianos com restrições na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em decorrência de problemas na visão aumentou 129% desde 2014, segundo dados divulgados nesta semana pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com base em informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Ao todo, 833.985 motoristas habilitados receberam a restrição durante o exame oftalmológico.

Em todo o país, esse número aumentou quase 80% ao longo dos últimos dez anos. Segundo os dados, 14,4 milhões de motoristas só podiam conduzir veículos com o uso obrigatório de óculos ou lentes de grau em em 2014. Nesse mesmo grupo, estão as pessoas com restrição para dirigir após o pôr do sol e aquelas com visão monocular – igual ou inferior a 20% em um dos olhos. Este ano, o número de casos como esses já soma um total de 25,4 milhões, o que representa um aumento de 77%.

Além de Goiás, outros estados apresentaram aumento significativo no percentual de condutores com restrições. Tocantins teve um aumento de 128%; Roraima cresceu 125%; Mato Grosso aumentou em 120%; Acre (119%); Amazonas (110%); Rondônia (103%); Alagoas (103%); Maranhão (102%); e Piauí (100%).

Henrique Rocha, presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologista, associa os problemas na saúde visual aos efeitos adversos do uso prolongado de dispositivos eletrônicos, especialmente entre crianças e adultos jovens.

Em uma era dominada pela tecnologia, o oftalmologista enfatiza a importância crucial de corrigir problemas de visão durante a infância para evitar complicações irreversíveis no futuro. Segundo ele, a correção de problemas visuais até os sete ou dez anos de idade pode assegurar um desenvolvimento visual normal e prevenir doenças como a catarata, que podem passar despercebidas em pacientes mais velhos acostumados com uma visão gradualmente deteriorada.

“É fundamental conscientizar sobre os cuidados precoces com a visão, especialmente em um mundo onde o uso excessivo de tablets e celulares por crianças tem sido observado”, destaca Rocha. O oftalmologista observa que o ponto focal muito próximo das telas desde os primeiros anos de vida, têm contribuído significativamente para um aumento global da miopia.

Segundo o especialista, há uma projeção de que até 2050, metade da população mundial poderá ser afetada por essa epidemia, uma tendência preocupante que requer medidas preventivas urgentes. Além disso, o oftalmologista aborda preocupações crescentes em relação à luz azul emitida por dispositivos eletrônicos. 

Ele explica que a luz azul turquesa, encontrada em telas de computadores e celulares, estimula a produção de cortisol, o hormônio do despertar, o que pode interferir nos ciclos naturais de sono e vigília dos usuários, especialmente quando expostos à noite. Por outro lado, a luz azul violeta tem sido associada à possível degeneração da retina ao longo do tempo, aumentando os riscos de problemas oculares sérios com o passar dos anos.

“É essencial educar pacientes e pais sobre os impactos potenciais do uso excessivo de tecnologia na saúde visual”, ressalta Henrique. Ele sublinha a importância de limitar o tempo de tela e incentivar atividades ao ar livre para promover um desenvolvimento ocular saudável desde a infância.

Além das preocupações com a miopia e os efeitos da luz azul, o oftalmologista destaca a necessidade de conscientização sobre condições como a catarata, que pode passar despercebida até que afete significativamente a qualidade de vida do paciente.

Muitos indivíduos, devido à progressão gradual da doença, podem não perceber a deterioração de sua visão até ser tarde demais, como evidenciado por casos em que pacientes se surpreendem ao falhar nos exames de renovação de carteira de motorista.

“A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para mitigar os impactos negativos na visão”, afirma o presidente. Ele encoraja check-ups oftalmológicos regulares, especialmente para aqueles que notam sintomas como visão embaçada, sensibilidade à luz ou dificuldade crescente para enxergar à noite.

Coçar os olhos pode ser um sinal de doença ocular

Apesar da importância do diagnóstico precoce, o hábito de fazer exames oftalmológicos de rotina não é comum entre os brasileiros. Rocha afirma que esse cenário precisa ser mudado,  a partir de transformações culturais. Ele destaca que são necessárias avaliações periódicas não só da saúde dos olhos, mas de todo o corpo.

“Recentemente, estava conversando com minha secretária e perguntei se ela já havia feito um exame de glicemia. Ela respondeu que não, pois nunca sentiu nada de errado. Então eu a incentivei a fazer o exame no centro cirúrgico, e ela acabou seguindo minha recomendação”, compartilha.

O especialista destaca que muitas doenças são silenciosas, por isso é crucial ter o hábito de consultar um médico regularmente, seja um oftalmologista, cardiologista, ou realizar exames de rotina de sangue. “Isso permite descobrir problemas de saúde antes que eles se tornem graves”, alerta.

No caso das crianças, é fundamental levá-las ao médico desde o início da vida. !Elas devem fazer o teste do olhinho ao nascer, repetir após 1 ano, 2 anos e 4 anos para monitorar o desenvolvimento ocular e verificar a acuidade visual”, explica  oftalmologista. Caso seja necessário, os pequenos devem retornar regularmente, pelo menos anualmente ou a cada dois anos.

“Um exemplo simples é coçar os olhos. Recentemente discutimos sobre ceratocone, uma doença grave que pode levar ao transplante de córnea e perda de visão”, afirma o especialista. Ele destaca que também é preciso ficar atento aos sinais dessas doenças. “Muitas vezes, os pais consideram normal quando as crianças coçam muito os olhos devido à alergias ou à atopia, sem perceber que isso pode indicar o desenvolvimento do ceratocone”, salienta, ao reiterar que é importante avaliar esses sintomas precocemente para orientar sobre o cuidado adequado.

Além disso, pessoas com histórico familiar de doenças como glaucoma devem estar especialmente vigilantes. Embora ter histórico familiar não signifique necessariamente que a pessoa terá a doença, porém,  aumenta a probabilidade genética. Realizar exames oftalmológicos regularmente, incluindo medição da pressão intraocular e fundoscopia para avaliar o nervo óptico e retina, é essencial para detectar precocemente qualquer problema e iniciar o tratamento adequado.

“Em resumo, realizar exames oftalmológicos regulares é crucial para prevenir e tratar problemas de visão antes que eles se tornem sérios. Essa abordagem proativa pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e na saúde ocular a longo prazo”, finaliza o oftalmologista. 

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