O Hoje, O melhor conteúdo online e impresso - Skip to main content

sábado, 10 de agosto de 2024

Estado quase triplica superávit primário no terceiro bimestre

Ritmo mais vigoroso de crescimento das receitas no terceiro bimestre deste ano abriu espaço para que o governo estadual imprimisse um ritmo igualmente mais acelerado para as despesas primárias

estado
Foto: Divulgação/Secretaria da Economia

O ritmo mais vigoroso de crescimento das receitas no terceiro bimestre deste ano, numa elevação de 17,85% frente ao mesmo período do ano passado, abriu espaço para que o estado imprimisse um ritmo igualmente mais acelerado para as despesas primárias, excluídos os gastos com juros, mantendo-as ainda numa velocidade menos intensa do que aquela observada para a arrecadação geral. O resultado final foi um salto mais do que expressivo para o resultado primário, com o superávit quase triplicando de um ano para o outro, saltando de R$ 220,746 milhões no acumulado entre maio e junho de 2023 para R$ 625,064 milhões em igual bimestre deste ano, numa elevação de 183,16%.

As receitas primárias, desconsiderando a entrada de recursos de caráter financeiro no caixa, registraram alta de 17,85% naquele mesmo intervalo, saindo de R$ 6,306 bilhões para R$ 7,432 bilhões. As estatísticas disponíveis no portal Goiás Transparente, que divulga o relatório resumido da execução orçamentária do Estado, mostram uma aceleração das receitas no terceiro bimestre, depois de uma acomodação no trimestre anterior, quando a variação em relação ao segundo bimestre de 2023 havia sido limitada a 1,26% em termos nominais.

No lado das despesas primárias, que haviam avançado apenas 3,20% no segundo bimestre, o crescimento foi elevado para 11,85% na passagem do terceiro bimestre do ano passado para idêntico período deste ano. Em valores nominais, o gasto primário saiu de R$ 6,086 bilhões para quase R$ 6,807 bilhões. Respondendo por 51,5% do gasto primário total, as despesas com a folha de pessoal avançaram a um ritmo de 2,18% no terceiro bimestre, significando um achatamento da massa de vencimentos dos servidores em termos reais. A valores não corrigidos pela inflação, a folha havia exigido desembolsos de pouco menos de R$ 3,433 bilhões em maio-junho de 2023, passando a somar R$ 3,507 bilhões em igual bimestre deste ano.

Recuo para investimento

As demais despesas correntes, ainda em termos nominais, registraram forte aceleração, depois de terem sofrido baixa de 4,55% no segundo bimestre deste ano, sempre tomando como base o mesmo período de 2023. No acumulado entre maio e junho deste ano, aquelas despesas atingiram R$ 2,201 bilhões, crescendo 19,70% em relação a R$ 1,839 bilhão no mesmo bimestre do ano passado. Embora tenham registrado aceleração na saída do segundo para o terceiro bimestre deste ano, avançando de R$ 410,512 milhões para R$ 509,186 milhões, os investimentos ficaram 7,74% abaixo dos níveis alcançados no terceiro bimestre do ano passado, mais próximos de R$ 551,876 milhões. O investimento vinha de níveis ainda mais baixos no ano passado e havia experimentado alta de quase 80% entre o segundo e o terceiro bimestres, o que explica em parte a queda observada na soma de maio e junho deste ano.

Balanço

-Desagregados por bimestre, as despesas obrigatórias com ações e serviços de saúde pública cresceram 24,20% entre o terceiro bimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, subindo de R$ 644,211 milhões para R$ 800,081 milhões, compensando o tombo de 36,67% registrado no segundo bimestre. No primeiro semestre, esse tipo de despesa avançou 11,72%, de R$ 1,860 bilhão para R$ 2,078 bilhões, aproximando-se de 13,38% da receita líquida considerada na aferição do cumprimento de metas constitucionais, que determinam um piso de 12,0% para as despesas nesta área. Na primeira metade do ano passado, essa relação havia sido de 13,66%.

-Os gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino, com piso fixado em 25,0%, cresceram a uma taxa ligeiramente mais baixa, variando 9,05% no semestre, crescendo de R$ 3,565 bilhões (26,18% da receita líquida) para pouco menos de R$ 3,888 bilhões (25,04% das receitas). No terceiro bimestre, essa despesa aumentou 13,10%, de R$ 1,313 bilhão para R$ 1,485 bilhão, numa aceleração em relação à variação de 10,70% registrada no segundo bimestre (lembrando que esse gasto havia registrado estagnação no primeiro bimestre).

-No acumulado dos primeiros seis meses deste ano, as receitas primárias totais cresceram a uma velocidade praticamente duas vezes maior do que as despesas primárias, o que permitiu ao Estado mais do que dobrar o resultado primário. A diferença entre receitas e despesas, excluídas aquelas de caráter financeiro, a exemplo de juros e amortizações, aumentou de R$ 912,188 milhões para R$ 1,993 bilhão, num acréscimo superior a R$ 1,080 bilhão, correspondendo a salto de 118,45%.

-A receita primária saiu de alguma coisa abaixo de R$ 18,870 bilhões nos seis primeiros meses do ano passado para quase R$ 20,870 bilhões, num ganho de praticamente R$ 2,0 bilhões. As receitas de impostos, taxas e contribuições de melhoria tiveram desempenho relativamente vigoroso, crescendo 15,46% em termos nominais, já que avançaram de R$ 10,188 bilhões para R$ 11,764 bilhões, num ganho de R$ 1,576 bilhão – em grande parte por conta da alta de 20,22% na arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que subiu de R$ 6,825 bilhões para pouco mais de R$ 8,205 bilhões, colocando mais R$ 1,380 bilhão nos cofres estaduais. Isoladamente, o imposto foi responsável por quase 69,0% do crescimento total experimentado pelas receitas primárias.

-A segunda maior contribuição veio das transferências correntes, que aumentaram 13,34%, avançando de R$ 4,374 bilhões para R$ 4,957 bilhões (alta de R$ 583,391 milhões). As transferências de recursos do Fundo de Participação dos Estados, embora mais expressivas, cresceram um pouco menos, numa variação de 7,87%, saindo de R$ 2,114 bilhões para R$ 2,281 bilhões (em torno de R$ 166,334 milhões a mais). As transferências do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) injetaram R$ 190,682 milhões a mais nas receitas, com seu valor passando de R$ 1,625 bilhão para R$ 1,816 bilhão.

-Os gastos primários cresceram um pouco acima da inflação de 4,23% acumulada em 12 meses até junho deste ano, saindo de R$ 17,958 bilhões para R$ 18,877 bilhões, num avanço de 5,12% (correspondendo a R$ 919,457 milhões a mais). Entre as despesas, a folha de pessoal manteve o baixo crescimento anotado ao longo a atual gestão, saindo de algo menos do que R$ 9,742 bilhões para R$ 10,088 bilhões nos seis primeiros meses deste ano, variando 3,56% quando considerados gastos pagos e restos a pagar processados e não processados e igualmente pagos.

-As demais despesas correntes recuaram 2,29% no primeiro semestre, caindo de R$ 6,119 bilhões para R$ 5,979 bilhões, o que limitou a variação das despesas primárias correntes a 1,30% (de R$ 15,861 bilhões para R$ 16,067 bilhões, em torno de R$ 206,285 milhões adicionais). O investimento total cresceu 14,31% na primeira metade deste ano, chegando a R$ 1,195 bilhão frente a R$ 1,046 bilhão no mesmo período de 2023. O dado semestral mostra desaceleração diante de um incremento de 38,94% registrado no primeiro quadrimestre deste ano.

Veja também