Rússia condena mulher a 12 anos de prisão por doar US$ 50 para a Ucrânia
Apoiadores de Karelina afirmam que o valor doado, que foi de US$ 51,80, destinou-se à Razom for Ukraine, uma instituição de caridade de Nova York
Uma mulher de 32 anos recebeu uma condenação de 12 anos de prisão na Rússia após fazer uma doação de US$ 50 para uma instituição que apoia a Ucrânia. Ksenia Karelina, cidadã americana que vive nos EUA desde 2012, enfrentou um julgamento por “alta traição” em meio a uma série de casos semelhantes surgidos desde o início da guerra.
O tribunal regional de Sverdlovsk, localizado nos Urais, conduziu o julgamento de Karelina a portas fechadas. O mesmo tribunal já havia condenado um repórter do Wall Street Journal por espionagem em julho.
Na quinta-feira (15), Karelina compareceu ao tribunal vestindo uma camiseta branca e calças jeans, sentada em uma jaula de vidro. A corte alegou que sua condenação se baseou na doação realizada em 24 de fevereiro de 2022, no início da invasão russa à Ucrânia, a uma ONG pró-Kiev.
A acusação afirma que a organização ucraniana usou os fundos doados para adquirir equipamentos e munições para as Forças Armadas da Ucrânia. No entanto, os apoiadores de Karelina afirmam que o valor doado, que foi de US$ 51,80, destinou-se à Razom for Ukraine. Essa é uma instituição de caridade de Nova York que oferece ajuda humanitária a crianças e idosos na Ucrânia, e não para suporte militar.
Defesa e como foi detida
Em uma carta divulgada por seu advogado, Karelina agradeceu o apoio recebido durante o processo. Nativa de Yekaterimburgo, na Rússia, Karelina imigrou para os Estados Unidos em 2012 e obteve a cidadania americana em 2021. Ela havia retornado à Rússia em fevereiro deste ano para visitar sua avó, e durante sua estadia, as autoridades descobriram a doação em seu celular. Após o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) a interrogar, proibiram-na de deixar a cidade e a detiveram por vandalismo por 15 dias. Pouco antes da sua liberação, enfrentou novas acusações de traição.
Família e amigos de Karelina, que descrevem a mulher como indiferente à política, expressaram surpresa com sua prisão. Seu namorado, Christopher van Heerden, informou que entrou em contato com o Departamento de Estado dos EUA e com a embaixada americana em Moscou na tentativa de obter sua libertação.