O que diz Amauri Ribeiro ao se tornar réu por homofobia
Deputado estadual publicou imagem em que associava pessoas gays com algo do mal
Uma postagem publicada no Instagram em abril do ano passado na conta do deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) tem dado muita dor de cabeça ao parlamentar goiano.
Na ocasião, Ribeiro postou uma foto de uma mão branca apertando o punho de outro negro, que usava uma roupa colorida, como do arco-íris. A imagem ainda tinha escrito “na minha família não”. O movimento LGBTQIAP+ goiano entrou com uma representação contra o Amauri, que se tornou réu por racismo na modalidade de homofobia.
Na tarde deste domingo, o deputado disse para a reportagem do jornal O Hoje que vai recorrer da decisão para “mostrar a verdade”. “Nunca pratiquei nenhum ato de preconceito em 50 anos de vida”, disse ele, que concluiu: “Absurdo o que estão fazendo”. Ribeiro tomará posse em fevereiro para o segundo mandato.
Amauri Ribeiro foi denunciado na quarta-feira (18) pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). E a denúncia foi acatada dois dias depois, no dia 20, pelo juiz Alexandre Bizzotto, da 3ª Vara Criminal dos Crimes Punidos com Reclusão.
No documento do Ministério Público, a promotora Nádia Maria Saab afirmou que o parlamentar, com a postagem, “praticou e incitou a discriminação ou preconceito de raça, na modalidade homofobia”.
A promotora ainda solicitou que, ao receber a denúncia, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) avise à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) para que iniciativa de partido político nela representado e “pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação”.
Em caso de prosseguimento da ação penal, requer a citação do denunciado para responder à acusação, a oitiva das testemunhas arroladas e, após o interrogatório “e o cumprimento das demais formalidades legais, a condenação do denunciado pela prática dos fatos descritos.”
O caso chegou, por meio de denúncia formal de grupo LGBTQIAPN+, ao Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri). O titular da delegacia de polícia concluiu as oitivas no dia 15 de dezembro de 2022.
À época, a delegacia informou que o objetivo da imagem do deputado era “demonizar” gays, com isso, deixando explícito que essas pessoas são “uma ameaça ao modelo heterossexual”.
Amauri Ribeiro já foi vereador e prefeito de Piracanjuba, município a 87 km de Goiânia. Apoiador de Jair Bolsonaro desde a ascensão eleitoral em 2018, Ribeiro tem uma lista de polêmicas na vida pública. Virou político depois que a fama se espalhou pela cidade ao ser preso por ter dito poucas e boas a um juiz. Foi eleito vereador mais bem votado.
Enquanto vereador, não levava desaforo para casa nas sessões da Câmara Municipal de Piracanjuba, onde arranjou diversas confusões. Foi assim quando foi prefeito, se envolvendo em mais confusões. Em 2015, foi acusado de ter agredido a filha – à época com 16 anos -, sendo alvo de diversos movimentos pela internet. O caso foi parar na polícia. Amauri disse que estava corrigindo a filha que teria enviado fotos inapropriadas a um rapaz.
Em 2018, na posse à cadeira na Alego, Ribeiro deixou a esposa se sentar em seu colo por alguns segundos. Com o chapéu na cabeça, como nunca antes na casa do legislativo goiano, a imagem de Ribeiro e a mulher correu o Brasil. Além das redes sociais, a imprensa nacional repercutiu o caso.
Com o bordão “tá dado o recado”, Amauri, como deputado, continuou dando o que falar. Um caso épico foi o embate entre o parlamentar e a vereadora Luciola do Recanto por conta de uma briga causada por uma apreensão de galos de um aliado de Amauri. Na tribuna, Amauri disse: “Eu sou um defensor da propriedade privada, principalmente de minha casa, e volto a dizer aqui, se alguém invadir a minha casa e não tiver a legalidade para isso, vai ser recebido à bala. Estou vendo a vereadora aqui de Goiânia fazendo vitimismo, mas quero pedir para pôr um vídeo para que vocês saibam quem realmente é a vítima dessa situação”. Luciola participou da apreensão, acompanhada da Guarda Municipal.