Descompasso entre Poderes dificulta andamento de projetos em Aparecida
Sem colocar em pauta votação de LOA, André Fortaleza insiste em cisão com prefeito Vilmar Mariano
O clima entre o presidente da Câmara de Aparecida, André Fortaleza, e o prefeito Vilmar Mariano, o Vilmarzinho, permanece complicado. Fortaleza emperrou algumas votações importantes que têm tirado o sossego do chefe do Executivo. A cisão parece não ter tempo para acabar.
Enquanto isso, servidores municipais já sabem que o imbróglio para a votação da Lei Orçamentária Anual, a LOA, vai tirar-lhes o pagamento de gratificações com potencial de doer no bolso. Alguns vereadores, inclusive, tentaram convencer ao presidente da Casa para colocar a discussão e votação em pauta, mas ainda nada.
No início desta semana, André Fortaleza usou sua conta no Instagram para justificar-se. “A Lei Orçamentária Anual (LOA) foi enviada à Câmara com atraso. O Executivo foi ineficiente. Não podemos convocar uma sessão às pressas e votar a lei sem analisar a saúde financeira do município. O parlamento tem responsabilidade com o dinheiro do povo aparecidense”, escreveu o vereador.
Em novembro passado, Fortaleza disse a jornalistas do jornal O Hoje, quando visitou a redação, que pretende ser prefeito de Aparecida. “Vou trilhar esse caminho e lá na frente, no final de 2023, se a minha avaliação estiver boa, claro que vamos [disputar]. Mas se não estiver, não tenho dificuldade nenhuma em dar um passo atrás”, disse o vereador.
Interlocutores da política aparecidense interpretam que algumas atitudes de Fortaleza quanto às pautas reivindicadas pela gestão de Vilmarzinho têm a ver com rusgas relacionadas à própria disputa eleitoral que, para políticos experientes, mesmo que a dois anos, já é bem aí.
Em entrevista à Rádio CBN nesta quarta-feira (25), André Fortaleza afirmou que a lei precisa ser analisada. “Tem gratificações, está criando cargos. Tem reajuste salarial ali que chega a 23,7%, sendo que todos os reajustes foram concedidos pelo ex-prefeito Gustavo Mendanha. Não entendo esse reajuste”, explicou.
O entendimento de vereadores que preferem não tomar partido na briga entre “peixes grandes”, é que Fortaleza quer tomar para si o protagonismo como um vereador atuante, que “não passa pano” para o prefeito. “Ou cheque em branco mesmo”, avalia um aliado de Vilmarzinho.
A cidade de Aparecida, do ponto de vista de gestão pública, sempre foi vista como exemplo na relação cordial e construtiva entre os poderes. Nos últimos meses, portanto, Fortaleza tem se dedicado a usar a tribuna, e em entrevistas, descortinar problemas na gestão de Vilmarzinho, que tem evitado usar a força política para contrapor o presidente da Câmara.
Como tem a maioria na Câmara, o desgaste seria maior se, em alguma crítica, fosse na garganta do poder de validar, ou não, os feitos de sua administração, sobretudo sob a intenção de conseguir apoio de vereadores para um grupo forte para a campanha à reeleição em 2024.
Experientes na política aparecidense, André Fortaleza e Vilmar Mariano, ocupantes de dois dos cargos mais importantes da cidade, são considerados “osso duro de roer” e, com isso, é possível que espectadores dessa relação vão ver muita “implicância” passar por debaixo dessa ponte.
É o caso da LOA. O vereador tem insistido que é preciso analisar com lupa cada mudança na lei para questioná-la e, se possível, vetá-la. Ao mesmo tempo, alguns vereadores querem colocar logo uma pedra em cima desse assunto e aguardam que o presidente da Casa chame uma votação para discutir e cumprir com seu papel e evitar mais desgaste com o prefeito Vilmar Mariano.