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terça-feira, 27 de agosto de 2024
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Alerta

Armazenamento de grãos preocupa produtores Brasil afora

Desafio é que governo federal libere recursos do Plano Safra para construção de unidades armazenadoras

Postado em 11 de fevereiro de 2023 por Yago Sales
Armazenamento de grãos preocupa produtores Brasil afora
Desafio é que governo federal libere recursos do Plano Safra para construção de unidades armazenadoras | Foto: Reprodução

O Brasil caminha para se tornar o maior produtor de grãos do mundo, mas existe um problema até lá que preocupa o setor: a falta de lugar para o armazenamento da produção. O assunto vem à tona sobretudo porque é esperado para a próxima safra um recorde. 

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima um déficit de 100 milhões de toneladas em 2023. Para ficar mais claro: simplesmente não há onde guardar todo esse grão. 

No Brasil, segundo estimativas, há uma estrutura de armazenamento em torno de 67% da produção. Dez anos atrás, no entanto, essa porcentagem era 3% maior. Sem condições de financiamento, muitos produtores não têm como construir novos silos. 

Com isso, a expectativa do agronegócio é que a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contribua para que o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) financie para o setor diminuir esse déficit no armazenamento. 

Engenheiro Agrônomo, Comentarista da Band News FM Goiânia, Consultor de mercados milho e soja, Palestrante, Presidente da APMP, Sócio Pro da Terra Agronegócios. 

O problema de armazenagem, no entanto, ocorre desde a década de 1970 e é uma demanda do agronegócio em todos os governos desde lá. É o que lembra o engenheiro agrônomo Enio Ernandes. Expert no assunto, ele é consultor de mercados de milho e soja, presidente da Associação dos Produtores de Matérias-Primas (APMP), Enio explica que o que diminui o problema é o modelo de exportação. 

“Conseguimos exportar soja, milho e açúcar tudo no mesmo momento”, exemplifica. “Em agosto fazemos a exportação desses três grãos. O problema no Brasil é que o custo operacional é muito maior do que o americano, do argentino”. Ele ainda comenta sobre o fato de o setor brasileiro ter uma menor competitividade, o que tira a renda do produtor. 

“Tirando a renda do produtor, tira a renda da sociedade brasileira. O produtor ganha dinheiro compra aqui, consome ali, ele gera imposto e desenvolvimento. Os produtores têm investido maciçamente em armazenagem imprópria, mesmo assim é ineficiente para reter toda a safra. O ideal é a gente ter a capacidade de guardar 150% do que se produz. Alguns países têm capacidade de guardar 200%”. Com isso, é possível carregar o estoque de uma safra para a seguinte. 

Enio elenca os desafios dos produtores: “Além do problema da armazenagem, tem o problema do custo da logística, o que tira renda do campo”. Por outro lado, diz ele, o produtor está “relativamente” acostumado com esses perrengues. “O Brasil está se tornando o maior exportador de milho do mundo, já é o maior exportador de soja, além de vários outros produtos agrícolas”. 

Para ele, vai chegar o momento em que a capacidade de exportação não vai suportar. “E nós vamos começar a estrangular o potencial de crescimento do Brasil. Regiões que poderiam crescer não vão conseguir porque nós não nos preparamos”, diz e acrescenta: “Essa não é uma questão desse governo ou do governo anterior, mas omissão de vários governos”. 

O assessor do técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo Machado, ressalta que cabe ao governo aumentar a distribuição de recursos por meio do Plano Safra. “O Governo Federal tem um programa exclusivo para a construção de armazéns, que é o PCA. Grande parte dos recursos para este programa são oriundos do BNDES”. 

Ele lembra que os produtores se preocupam com a retirada de recursos do crédito rural porque o valor sai do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns. “Com isso, é impedido o avanço da linha de crédito. Conforme estava planejado no Plano Safra, a gente tinha 3,4 bilhões de reais para serem aplicados no PCA, só que foram aplicadas até agora apenas 1,8 bilhões de recursos, ou seja, 51%. O governo deve aumentar este recurso e produtor construir sua própria unidade armazenadora”. 

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