Prevenção na folia é essencial para conter o zika
EUA comprova transmissão da doença por relação sexual. Uso de preservativo é imprescindível
Jéssica Torres
Para não dar “zica” durante o feriado de carnaval, a prevenção com o uso de preservativo é ainda mais importante. Isso porque foi comprovada na última quarta-feira (3), a transmissão do vírus Zika por relação sexual.
A confirmação ocorreu no Estado do Texas, no qual uma pessoa com o vírus foi infectada depois de ter relações sexuais com alguém que retornou da Venezuela. É o que revelou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. Agora, conter novos casos de transmissão de Zika por relação sexual entra no rol dos esforços da Organização Mundial da Saúde (OMS), para reprimir uma epidemia.
O médico infectologista, Boaventura Braz de Queiroz, avisa que comprovadamente o vírus tem um curto prazo, com média de cinco dias. “Por isso reduz as possibilidades de transmissão por relação sexual, mas claro não impossibilita”, explica. Um dos obstáculos, conforme o especialista é que cerca de 80% das pessoas que contraem a doença não têm nenhum sintoma. “Isso dificulta o diagnóstico e aumenta o risco de transmissão e essa nova constatação só reafirma a importância do uso de preservativos”, diz.
Diferente da maioria, o estudante de jornalismo Vinícius de Morais Pontes, 21, teve diversos sintomas, assim como sua mãe, que também contraiu a doença. “Ela voltou de Tocantins sentindo muita dor nas costas e pelo corpo, além de manchas vermelhas, inchaço e dor nas articulações”, relata. Depois de dois dias, ele conta que foi sua vez de sentir dor muscular, na cabeça e olhos e fadiga. E acredita ter pego a doença através de mosquitos vindos do vizinho, já que não limpava a calha.
Quanto à transmissão por relação sexual, o estudante relata que ficou surpreso ao descobrir. “Eu tenho uma parceira e essa notícia é algo que deve conscientizar as pessoas a ter preocupação em dobro. Muitos jovens não usam preservativos, mas deveriam”, opina.
Proteção
Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde aponta que 53% da população da região Centro-Oeste assumiu não usar preservativo em todas as relações sexuais, com parceiros casuais. Diante deste quadro, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) prepara uma campanha reforçando o cuidado principalmente no carnaval. Dados confirmam quatro casos no Estado e 59 sob investigação até o momento.
Já pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), apenas em janeiro de 2016, cinco casos são confirmados de Zika em Goiânia. No total, 26 casos foram notificados esse ano, mas 21 ainda estão sob investigação. Em 2015, foram 42 suspeitas e três confirmadas.
Goiás terá 3,5 mil militares no combate ao aedes
No dia 13 de fevereiro, o Estado terá 3.500 militares das Forças Armadas entregarão materiais informativos orientando a população sobre como manter a casa livre dos criadouros do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e Zika vírus.
A ação ocorrerá simultaneamente em todo o País, com o total de 220 mil militares mobilizados. A meta é visitar três milhões de residências em 356 municípios, considerados com maior incidência, de acordo com indicação do Ministério da Saúde.
Essa será a segunda etapa da campanha contra o mosquito. Na primeira, que encerrou ontem e teve início em 29 de janeiro, as Forças Armadas realizam um mutirão de limpeza em 1.200 unidades militares espalhadas pelo Brasil.