Clima favorece produção de leite
Pesquisa da Embrapa mostra que irregularidade climática observada nos últimos dois anos em bacias como Minas Gerais e Goiás pode não se repetir este ano
As temperaturas mais amenas e a maior quantidade de chuva registradas nos últimos três meses contribuem para a produção de leite nas principais bacias do país. Estudos do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite da Embrapa mostram que o produtor tem encontrado condições de tempo melhores para a atividade em comparação com o ano passado.
O pesquisador Samuel Oliveira monitorou dados meteorológicos do final de 2015 a janeiro deste ano e verificou condições mais favoráveis de temperatura e precipitação para a pecuária de leite.
Para Oliveira, este ano não deve se repetir a irregularidade climática observada nos últimos dois anos, com temperaturas muito elevadas e incidência de chuvas abaixo do normal em bacias leiteiras importantes como Araxá (MG), Poços de Caldas (MG), Foz do Iguaçu (PR), Chapecó (SC) e Passo Fundo (RS).
Estabilização
Algumas regiões registraram até cinco graus acima da média em outubro do ano passado. No entanto, para alegria dos produtores de leite, esse quadro está se revertendo: nos últimos três meses, houve estabilização do regime de chuvas.
“Com a regularização das precipitações no final em janeiro e fevereiro nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, houve redução do potencial de perda da produção leiteira por má formação de pastagens”, destaca a Embrapa.
O município de Juiz de Fora (MG), localizado numa das principais bacias leiteiras do país, já registra dados favoráveis à produção. Em janeiro deste ano, a temperatura média foi três graus menor do que no mesmo mês de 2015. O regime de chuvas também está próximo à média normal, com acúmulo de 1.500 milímetros de fevereiro de 2015 até os dias atuais.
“Tudo indica que não teremos no decorrer deste ano os problemas climáticos severos registrados nos dois últimos anos”, afirma Samuel Oliveira, que também destaca que a temperatura média em Goiânia (GO) caiu dois graus no mesmo período.
As perdas decorrentes das irregularidades térmicas, conforme o pesquisador, ocorreram mais em função do estresse térmico do que de problemas nas pastagens relativos à seca, pois hoje o uso da suplementação alimentar é cada vez maior.
“A pecuária de leite hoje não é mais tão dependente da pastagem, embora a influência seja ainda bem forte”, ressalta Samuel Oliveira. “Não há um índice exato das perdas registradas no período. Para isso seria necessário consolidar os registros das fazendas, mas contatos com produtores apontam para reduções de até 20 a 30% na produção nos dias mais quentes.”