UNICEF pede atenção para 8 mi de crianças na Síria
Jovens precisam de assistência. A entrega de materiais médicos e cirúrgicos tem sofrido restrições, colocando em risco a população
Em visita à Síria no início de março, o diretor executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Anthony Lake, solicitou ao governo e aos grupos de oposição que facilitem o acesso das organizações humanitárias às crianças do país.
Mais de 8 milhões de jovens sírios precisam de assistência, segundo a agência da ONU. Desse contingente, cerca de 6 milhões estão dentro da nação em guerra e mais de 2 milhões fugiram para Estados vizinhos.
Negociações recentes entre o UNICEF, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades sírias autorizaram a elaboração e implementação de um plano nacional de imunização contra doenças infantis. Para Lake, a iniciativa “vai exigir o acesso duradouro a todas as áreas de difícil alcance”.
O dirigente expressou otimismo quanto à atual cessação de hostilidades entre governo e oposição, o que trouxe esperança para a população síria. “Esperança de que haverá pa, que possa ser encontrada em mais do que um pedaço de papel diplomático e que a paz retorne às suas vidas”, disse o chefe do UNICEF.
Durante passagem pelo bairro de Al-Waer, em Homs, Lake afirmou ter visto cenas impensáveis há dois anos, quando visitou a Síria pela última vez: lojas abertas, pessoas andando livremente e crianças aprendendo em salas de aula normais, sem ter de se esconder em porões.
Apesar da trégua, restrições à entrega da assistência humanitária perduram
Embora uma atmosfera positiva tenha sido observada pelo dirigente, Lake também testemunhou episódios que refletem as condições de vida em meio ao conflito. Ele visitou vizinhanças que foram inteiramente destruídas, como Al-Waer, onde pôde conhecer as ruínas de um antigo orfanato, atingido por um morteiro que matou oito crianças em 2014.
No mesmo dia da visita do chefe do UNICEF, o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que provisões médicas, inicialmente não permitidas nos comboios que levariam assistência para Moadamiyeh, foram liberadas e entregues na semana passada. Ainda assim, alguns itens cirúrgicos foram proibidos.
A assistência humanitária também chegou pela segunda vez às “quatro cidades” – em referência a Madaya, Zabadani, Foah e Kefraya. Organizações levaram ajuda às populações desses locais no dia 17 de fevereiro, quando 60 mil sírios receberam suprimentos.