Na Câmara, Paulo Garcia diz lamentar traição de Iris
Durante prestação de contas, prefeito, sem citar líder peemedebista, diz que recebeu dívidas de herança de administrações anteriores
Sara Queiroz
Durante a prestação de contas do terceiro quadrimestre de 2015 realizada ontem na Câmara de Vereadores de Goiânia, o prefeito Paulo Garcia (PT) teceu críticas ao ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), sem citá-lo, e atribuiu a ele parte das dívidas de sua administração. A herança deixada pelas gestões anteriores, segundo o petista, são as dívidas do Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais de Goiânia (IMAS- Goiânia), o sucateamento da iluminação pública e o asfalto já desgastado pelo tempo.
Paulo revelou a dívida ao ser questionado pelos vereadores Djalma Araújo (Rede) e Geovani Antônio (PSDB), sobre as dívidas da Prefeitura junto ao IMAS e ao Instituto Previdência dos Servidores Municipais de Goiânia (IPSM). Quando Djalma afirmou que a dívida com o IMAS é de R$ 115 milhões, o prefeito disse que o valor real seria de R$ 125 milhões, acumulada de julho de 2002 a dezembro de 2010, portanto, entre as gestões do petista Pedro Wilson (2001/20014) e de Iris (2005/março de 2010). “Da minha administração são apenas R$ 18 milhões, e já estamos tomando providências para quitar”, detalhou.
O petista foi elogiado pelos vereadores, por admitir que recebera “herança maldita” dos seus antecessores. “Eu acho que fiquei muito tempo calado, mas nunca fiz referência sobre isso porque não vivo de passado”, declarou. “O senhor sabe que eu recebi a prefeitura de Goiânia dívida de R$ 200 milhões na área de Saúde, sem um centavo em caixa? Eu nunca falei isso pra ninguém”, respondeu o prefeito sobre um questionamento do vereador Djalma Araújo. “Eu paguei essa dívida”, assegurou.
O prefeito aumentou o tom das críticas ao seu antecessor, Iris, quando perguntado pela vereadora Cristina Lopes (PSDB) sobre a real situação das contas prefeitura quando assumiu o cargo, em abril de 2010. O petista, em tom de desabafo, não respondeu, mas perguntou se ela já havia se sentido traída “por alguém que tenha uma profunda admiração”, referindo-se ao líder peemedebista.
Ele voltou a mirar Iris Rezende, ao falar sobre o bairro Jardim Cerrado, localizado quase na divisa com o município de Trindade, e que foi construído na gestão do peemedebista. O prefeito comentou que há políticos que, “de forma fisiológica e populista, berram aos quatro cantos e gritam em cima de palanque que construiu conjunto aqui e ali. É tudo para tirar o pobre de perto do rico”.
A construção de moradias populares sempre foi a principal marca das administrações de Iris, seja no governo do Estado (em dois mandatos) ou na prefeitura da capital. A Vila Redenção foi construída em sua primeira gestão, na década de 1960; e a Vila Mutirão, em seu primeiro mandato, no início da década de 1980. Os dois bairros são bem afastados do centro de Goiânia.
Precariedade
As críticas à gestão do peemedebista também foram feitas quando o prefeito respondeu a perguntas sobre iluminação pública e recapeamento do asfalto da cidade. Segundo seu relato, a iluminação pública “estava com a data de validade vencida”, quando tomou posse no Paço Municipal, e que recebeu a cidade com “esse asfalto que está ai”. Ele garantiu que já há recursos suficientes para o começo da pavimentação, a partir de maio.
Na entrevista à imprensa, Paulo Garcia reafirmou que se sentia traído “por todos aqueles que romperam compromissos e defesas de ideais que sempre defendemos”. Perguntando se ele se referia a Iris, limitou-se a sugerir, em tom de ironia, que os repórteres procurassem o ex-prefeito e perguntasse isso a ele. “Eu não rompi com ninguém. Continuo o mesmo. Se alguém mudou não fui eu”, concluiu.
Investimentos chegaram a R$ 134 milhões
O investimento total da prefeitura de Goiânia, no ano passado, foi de R$ 134 milhões, registrando um crescimento de 111,48% em relação a 2014. Paulo Garcia disse que o investimento em Educação foi da ordem de 29,4%, e em Saúde, 19,4%, ficando acima do limite constitucional que são de 25% e 15%, respectivamente.
Já a folha de pagamento dos servidores chegou ao limite prudencial nesse último quadrimestre, ao bater 51,82% das receitas do município. Porém, de acordo com dados da prefeitura, as despesas com o pagamento de salários tiveram queda de 1,71% durante todo o ano de 2015. Foram gastos um total de R$ 1,7 bilhão para a folha de pagamento. “Minha prioridade número um é pagar os servidores dentro do mês trabalhado”, disse o petista
Em relação a críticas sobre o regime de trabalho em meio período, adotado a desde novembro do ano passado, ele informou que o expediente volta a ser normalizado em abril. Ele estima uma economia de quase R$ 5 milhões aos cofres da prefeitura.