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sábado, 23 de novembro de 2024
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Saúde

Relatórios do governo afirmam que “pílula do câncer” não tem eficácia

Resultado deve dificultar aprovação no Senado do projeto de lei que libera a substância

Postado em 21 de março de 2016 por Redação
Relatórios do governo afirmam que “pílula do câncer” não tem eficácia
Resultado deve dificultar aprovação no Senado do projeto de lei que libera a substância

A fosfoetanolamina, principal componente da “pílula do câncer”,
não age contra o tumor, tampouco destrói as células cancerosas. Essa é a
conclusão dos cinco primeiros relatórios de pesquisas realizadas pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No total, a pasta vai
investir, em três anos, R$ 10 milhões para se debruçar sobre o tema.

“Testamos dois tipos de células tumorais e três métodos
diferentes. E se comprovou que o composto não tem efeito, nem mesmo em
concentrações milhares de vezes maiores do que as usadas
clinicamente”, disse a pesquisadora do Instituto de Química da
Universidade de São Paulo (USP), Alicia Kowaltowski, em entrevista ao UOL.

Dos vários compostos encontrados nas cápsulas, apenas a
monoetanolamina apresentou resultados de destruição das células cancerosas de
carcinomas de pâncreas. Mas, mesmo assim, com eficácia menor que a da
quimioterapia comum. “Entretanto, a monoetanolamina já foi apontada como tóxica
quando ingerida em grande escala em estudos anteriores”, concluiu Kowaltowski.

A médica da Aliança Oncologia, Gabrielle Scattolin, endossa
as críticas em relação à efetividade da “pílula do câncer”.

“Por enquanto, a cápsula pode ser considerada apenas um
remédio experimental, quase uma curadoria, sem nenhuma comprovação de eficácia.
Até hoje não existe remédio que sirva para o tratamento de todos os tipos
de câncer e é pouco provável que isso possa acontecer”,
esclareceu.

Pressão

Mesmo com as previsões pessimistas dos estudos, pacientes
com câncer e familiares fazem forte campanha para a liberação da substância.
Várias cidades brasileiras registraram passeatas que chamaram a atenção do poder
público. Em março deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que
garante a distribuição da pílula, mas frisou que voltaria atrás se estudos não
comprovassem a eficácia.

No Facebook, grupos que somam mais de 10 mil usuários organizam
protestos e trocam informações com os melhores atalhos para se conseguir o
medicamento. Na página virtual, muitos advogados fazem propaganda com os
sucessos obtidos na justiça para conseguir a medicação.

Até o final de 2015, foram movidos 13 mil processos contra a
USP, instituição que produz a medicação, por pacientes que exigem o
fornecimento da substância. (Assessoria)  

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