Impeachment não é golpe, diz Jovair
Deputado é o relator da comissão que analisa pedido de afastamento de Dilma Rousseff
Sara Queiroz
Em encontro ontem com representantes do Fórum Empresarial de Goiás, o deputado federal Jovair Arantes, relator do processo de impeachment contra presidente Dilma Rousseff (PT), afirmou que está aberto a discussões com toda a sociedade organizada e que as pressões favoráveis ou contra o processo fazem parte da democracia. Diferente do que disse na semana passada, o parlamentar declarou que o impeachment não é golpe e que está previsto na Constituição.
Apesar de estar disposto a ouvir “qualquer setor organizado da sociedade”, o teor do seu relatório e sua posição vão, segundo ele, continuar isentos. “A pressão é parte do processo democrático, é importante que elas existam. Mas estou absolutamente imune a tudo isso. Tenho recebido pressões, tenho recebido telefones de vários setores, telefonemas anônimos, e eu vejo isso com muita naturalidade. Estou imune a tudo isso”, avaliou.
Sobre a responsabilidade de relatar um processo que atinge o país inteiro, o petebista declarou que se tivesse medo não seria deputado, e que ele tem a obrigação de dar respostas a todos seus eleitores goianos e também à sociedade brasileira. O relator também disse que o impeachment não é golpe, pois há previsão constitucional para que ele ocorra. “Golpe seria se fosse os militares tentando fazer um alinhamento do Congresso, tentando derrubar a presidente da República”.
Na semana passada, Jovair havia declarado a jornalistas que se o processo não tivesse base legal ele então poderia ser chamado de golpe. Questionado sobre essa mudança de discurso desde o início do ano, o parlamentar disse que “o que mudou é que há uma Constituição e um fato concreto, que são as denúncias dos advogados, que vão ser analisadas para se chegar à conclusão se são verdadeiras ou não”.
Jovair continua na base do governo da presidente Dilma, mas também mantém relações estreitas com o presidente da Câmara dos Deputados e opositor da petista, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Na reunião realizada na Sede da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), os empresários mostraram ao deputado um relatório sobre a situação econômica do país e as projeções para o próximo ano. Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg-GO), Euclides Siqueira, o impeachment é “a única solução que está sendo posta agora na mesa”, e que se ele não sair durante esse ano o Brasil “pode chegar a um nível que não vai ser possível se recuperar”.
O mesmo pensa o presidente da Fecomércio, José Evaristo dos Santos. Para ele há “uma falta de confiança para que se volte a ter investimento, geração de empregos e economia em crescimento”. Porém, Santos declarou que a reunião dos empresários não iria levar pressão ao deputado Jovair Arantes, mas apenas fazer com que o relator possa fazer uma análise da atual situação que passa o país e levar isso aos demais colegas da comissão do impeachment.