Iris reage a denúncia de propina da Odebrecht
Em nota, ex-prefeito diz que jamais teve seu nome envolvido em casos de corrupção e sustenta ter provas sobre a compra de fazenda
Venceslau Pimentel
Oex-prefeito e ex-governador Iris Rezende (PMDB) reagiu com estranheza a informações da Revista Época desta semana, de que o peemedebista teria recebido propina da Construtora Odebrecht, na década de 1980, no valor de 500 milhões de cruzeiros, e com o dinheiro, teria adquirido uma fazenda no Mato Grosso. As informações, segundo a revista, são da extinta Agência Goiânia do Serviço Nacional de Informação (SNI).
“Causou-me estranheza que neste momento de convulsão política diante dos inúmeros casos de corrupção desvendados pela Operação Lava Jato, a Revista Época tenha dedicado uma reportagem valendo-se apenas de ‘documentos’ de 30 anos atrás do Sistema Nacional de Informação (SNI), órgão da ditadura militar usado para vigiar políticos de oposição, para tentar atingir a mim (e a outros políticos) com informações equivocadas e absurdas”, diz Iris em nota divulgada ontem.
Ao comentar sobre uma lista vazada da Operação Lava Jato recentemente alcançou mais de 300 políticos, citados como beneficiários de doações da Odebrecht, Iris diz que são eles que devem dar explicações sobre doações ilegais ou possível recebimento de propina da empreiteira. “A notória lista atingiu três políticos em Goiás. Essa é a pauta sobre a qual Época e outros veículos deveriam se debruçar”.
O peemedebista informa que exerce cargos públicos desde 1959, quando foi eleito vereador em Goiânia. “Nesses 57 anos fui também deputado estadual, comandei a prefeitura de Goiânia três vezes, fui governador duas vezes, senador da República e ministro da Agricultura e da Justiça”, relaciona. “Jamais, em tempo algum, tive meu nome envolvido em casos de corrupção. Nunca fui citado em grampo telefônico, bilhete ou mesmo codinome em lista qualquer. Sempre exerci funções públicas com temor a Deus, zelo pela coisa pública e amor ao povo de Goiás”.
Iris garante que seu patrimônio é fruto do trabalho como advogado no período em que teve seus direitos políticos cassados pela ditadura, e parte de herança de meu pai. Segundo ele, a propriedade rural citada na reportagem foi adquirida em 1982, antes de assumir o governo de Goiás, em 1983. Sustenta que os recursos eram oriundos da venda de um frigorífico que pertencia ao pai dele, repartido cm seus irmãos. “Portanto, posso provar quantas vezes forem necessárias. E jamais possui fazenda em Cocalinho (MT), como cita equivocadamente a reportagem baseada apenas em registros de um órgão do regime militar”.
Ele lembra ainda que a vida dele já foi devassada pelo Ministério Público de Goiás, entre 1999 e 2004. “Durante seis anos, o MP investigou a evolução do meu patrimônio, com a quebra de meus sigilos bancário e fiscal. Ao final, o Ministério Público expediu um documento, de conhecimento público, atestando a lisura de minha conduta”.