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sábado, 23 de novembro de 2024
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LAVA JATO

Paróquia recebeu doação de outras empreiteiras

A Paróquia São Pedro, citada na Lava Jato, recebeu dinheiro de outras empreiteiras, além da OAS

Postado em 13 de abril de 2016 por Redação
Paróquia recebeu doação de outras empreiteiras
A Paróquia São Pedro

A Paróquia São Pedro, no Distrito Federal, citada na Operação Lava-Jato por ter se beneficiado de um repasse de R$ 350 mil da empreiteira OAS, também recebeu dinheiro de outras empreiteiras. Segundo informado em nota pelo padre Moacir Anastácio, responsável pela igreja, a paróquia recebeu R$ 300 mil da Andrade Gutierrez, também investigada na Lava-Jato. A doação ocorreu em 4 de junho de 2014, após “intermediação espontânea” do então governador do DF, Agnelo Queiroz. De acordo com a nota, a construtora Via Engenharia também doou para a paróquia. O dinheiro foi usado para custear a festa de Pentecostes, que é realizada pela paróquia e costuma reunir centenas de milhares de pessoas.

Na terça-feira, foi deflagrada a 28ª fase da Operação Lava-Jato, que resultou na prisão do ex-senador Gim Argello (PTB-DF). Ele teria recebido propina de empreiteiras, que queriam se blindar na CPI da Petrobras que funcionou em 2014 e tinha Gim como vice-presidente. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), em mensagem de 14 de maio de 2014, o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, pediu a executivos da empreiteira pagamento de R$ 350 mil à igreja com recursos vindos da refinaria Abreu e Lima, obra da Petrobras tocada em Pernambuco. Nas mensagens, o repasse é associado a uma pessoa identificada como “Alcoólico”, que seria o ex-senador, em um trocadilho com a bebida “gim”. O MPF também informou que não havia indicativo de que a paróquia tenha participado do crime ou que soubesse da origem ilícita do dinheiro.

“Com efeito, no ano de 2014, um dos paroquianos e membro da Coordenação da equipe de pentecostes engajado com esse evento, o então ilustre deputado Distrital Washington Gil Mesquita, se ofereceu para conseguir patrocinadores para o nosso evento, culminando por pedir ajuda a outro frequentador e participante contumaz desse evento há mais de 10 (dez) anos, o ilustre ex-senador da República Dr. Jorge Argello, que, não mediu esforços para atender às necessidades da nossa Paróquia, procurando a Empresa OAS, que se dispôs a fazer uma “doação” para a festa de Pentecostes”, diz trecho da nota.

Em nota, o padre Moacir Anastácio, um dos mais populares de Brasília, disse que todas as doações de empreiteiras foram contabilizadas e estão à disposição das autoridades. Os recursos foram obtidos por intermédio de políticos. Assim, diz a nota, a paróquia “jamais teve acesso aos dirigentes das empresas acima referidas”. Negou também ter qualquer tipo de contrato de prestação de serviços com a construtora, por ser “uma instituição religiosa que sobrevive, basicamente, de doações”. Tais doações, acrescenta, são feitas com conhecimento da Arquidiocese de Brasília. O padre também diz expressar admiração e respeito ao MPF e ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, responsável pelos processos da Lava-Jato. A Andrade Gutierrez informou que não vai comentar o episódio.

Localizada a pouco mais de 20 km do centro de Brasília, a igreja é frequentada por Gim, que já morou em Taguatinga, mas hoje vive no Lago Sul, um dos endereços mais caros da capital federal. Outros políticos costumam aparecer na paróquia, principalmente durante a festa de Pentecostes. Ano passado, por exemplo, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) marcou presença. Em 2014, o então governador Agnelo Queiroz (PT) também participou da celebração. Fora do período de Pentecostes, a igreja tem missa todos os dias, exceto segunda-feira.

A festa de Pentecostes é celebrada 50 dias depois da Páscoa e, na tradição cristã, marca o momento em que o Espírito Santo deu coragem aos apóstolos para pregar a palavra de Jesus. No DF, há duas festas principais. Uma, mais antiga, conhecida como “Folia do Divino”, existe desde o século XIX em Planaltina, que na época pertencia a Goiás. A outra, em Taguatinga, é mais recente e foi uma iniciativa do padre Moacir. Começou pequena, mas cresceu. Em 2015, por exemplo, o governo local estimou em 300 mil o número e pessoas presentes no Taguaparque, onde é feita a celebração. Há inclusive um projeto de lei tramitando na Câmara Legislativa do DF que muda o nome do parque para “Taguaparque, Renascidos em Pentecostes”. (Agência O Globo) 

Foto: reprodução (Paróquia Santo Afonso)

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