Mal de Parkinson pode surgir em pessoas jovens
Comum em indivíduos acima dos 40 anos, doença já é identificada em pacientes com menos idade. Atividade física é o principal alívio
RHUDY CRYSTHIAN
Recorrente em pessoas de meia-idade a idosos, o Mal de Parkinson já se torna comum também em pessoas abaixo dos 40 anos. O relato da doença em pessoas de menor idade tem se tornado menos raro e pode acometer até 12% da população com a confirmação da doença. O que significa que a cada 100 pessoas diagnosticadas, 12 são de idade inferior a 40 anos. Nessa faixa etária, a doença pode ser de difícil reconhecimento com sintomas mascarados ou confundidos com outros males. O Mal de Parkinson é considerado a segunda pior doença degenerativa, perde apenas para o Alzheimer.
A doença pode passar despercebida por meses ou anos em população mais jovem. Já o surgimento antes dos 21 anos é bem mais raro. Os pacientes com doença de Parkinson de início na juventude têm sintomas semelhantes aos dos pacientes mais velhos, mas têm incidência mais alta de distonia, ou espasmos, particularmente nas extremidades inferiores.
Patologicamente, a doença de Parkinson se associa a quatro sintomas tais como tremor, lentidão (o principal deles), instabilidade postural ou desequilíbrio e rigidez muscular. De acordo com o neurologista especialista em distúrbio do movimento, William Luciano de Carvalho, as causas genéticas podem ser os principais motivos do surgimento da doença em pessoas mais jovens.
Ele explica que de toda a população idosa no Brasil, 3,3% podem desenvolver a doença em algum momento da vida. Ele explica que os distúrbios causados pelo Parkinson podem resultar em sintomas psicológicos e comportamentais, abrangendo depressão, dificuldades de memória e de concentração e distúrbios do sono, entre outros.
E foi justamente tentando tratar uma depressão que o então gerente de uma rede de supermercados em Goiânia, Douglas Ferreira Pires, foi diagnosticado com a doença aos 35 anos, na época. “Meu mundo acabou, cheguei a pensar em suicídio”, garante. Graças ao apoio da esposa e das duas filhas, ele conseguiu superar o susto inicial do diagnóstico.
Um dos primeiros sintomas que ele começou sentindo foi dores e dormência no ombro. Mas depois que ele se livrou da depressão decidiu não se entregar a doença e a saída encontrada foi o exercício físico. Ele integra um grupo de ciclistas denominado Corós do Pedal. “Em cima da bike não sinto nada, nem lembro que tenho Parkinson”, garante.
Hoje aposentado pelo INSS, Douglas convive com a doença há 12 anos. Ele toma, em média, cinco tipos diferentes de remédios oito vezes ao dia. O aposentado afirma que se não fosse o ciclismo estaria deitado em uma cama. Ele vive uma rotina independente consegue realizar todas as atividades cotidianas sozinho e até arrisca pequenos trabalhos manuais em casa.
Mas para ter esse vigor e disposição, Douglas pedala em média de 70 a 100 km por semana. As tremuras comuns em pacientes com Parkinson, Douglas garante que não sente e agradece à atividade física pelo seu bem estar. “Surgiu meio sem querer o ciclismo e de lá pra cá, só coisa boas, melhorou o equilíbrio, coordenação motora, a cabeça sempre boa. Emagreci 13 kg e estou com peso considerado ideal pelos médicos. Minhas pernas não dão mais câimbra”, comemora feliz da vida em cima da bike.
Douglas virou meio que um exemplo pelos portadores da doença, mas a Associação de Parkinson Goiás alerta que o paciente precisa de orientação médica para iniciar qualquer tipo de atividade.
Referência no tratamento de Parkinson, o Hospital Alberto Rassi (HGG) realizou nessa semana, uma tarde de atividades para os pacientes parkinsonianos da unidade. A ação alusiva ao Dia Mundial do Parkinson foi aberta ao público, no pátio do HGG.