FHC diz que dificilmente Cunha conseguirá se manter na presidência da Câmara
Ex-presidente considera que são grandes as chances de o deputado federal ter o seu mandato cassado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirma que dificilmente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conseguirá se manter na presidência da Câmara dos Deputados por muito tempo. O comentário de FH foi pouco antes dele dar palestra na Casa do Saber Rio O Globo, na série “Os Inventores do Brasil”, que será exibida no Canal Brasil e cujo roteiro ele assina junto do jornalista e colunista do GLOBO Elio Gaspari.
– É uma questão sujeita ao STF, que quanto antes decidir melhor. Acho difícil que o deputado Cunha seja capaz de sustentar a posição dele no decorrer do tempo. A probabilidade de que haja uma cassação é grande – afirmou FH.
O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda julgará pedido da Procuradoria-Geral da República feito em dezembro para afastar Cunha do cargo. FH afirmou que o PSDB deve apoiar a cassação de Cunha mesmo se ele já estiver afastado da presidência da Câmara:
– O PSDB tem de agir de acordo com o que foi descoberto pela polícia, pelo procurador e que a Justiça está encaminhando. Não tem de tergiversar. Havendo erro, tem de cassar.
O ex-presidente disse ainda que vê “grande probabilidade” da aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
– (O maior erro político) Não foi dela. Foi do governo anterior. Uma fragmentação do Congresso enorme, em função de os deputados perceberem que, quanto mais partidos, mais pressão se pode fazer e mais vantagens se pode obter.
Pedido
Cunha rejeitou o pedido do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, de fazer a defesa da presidente Dilma Rousseff no plenário, neste domingo, quando ocorrerá a votação no plenário da Casa para definir ou não a abertura do processo de impeachment. No requerimento encaminhado por Cardozo a Cunha, o ministro pede para falar “em momento imediatamente anterior à votação no Plenário da Câmara dos Deputados”.
– Estou seguindo o rito que foi determinado pelo STF do presidente Collor. Não há, depois que o relator fala, a (possibilidade da) defesa falar. Na comissão, foi permitido que ocorresse. Foi uma liberalidade. O que a defesa falou na comissão especial foi tempo superior aos que acusaram multiplicado por dois. Aqui (no plenário) é diferente. Não há previsão – disse Cunha.
Cunha argumentou que não há previsão legal para que isso ocorra e que está seguindo o mesmo rito da votação do processo de impeachment contra Fernando Collor de Mello, em 1992, para evitar contestações. (AG)