“Sou o candidato da lei e da ordem”, diz Trump
Durante discurso na convenção de Cleveland, candidato republicano promete segurança aos americanos
Ao encerrar a convenção do Partido Republicano que indicou seu nome para concorrer à Presidência dos Estados Unidos nas eleições de novembro, o candidato Donald Trump prometeu aos americanos segurança e proteção contra ataques terroristas e criticou a pré-candidato do Partido Democrata, Hillary Clinton, por ter deixado ao país “um legado de morte, destruição, terrorismo e fraqueza” durante o período em que ela foi secretária de Estado norte-americana.
Cumprindo o ritual da convenção, Donald Trump declarou que aceita a indicação de seu nome e disse que, se eleito, vai implantar uma política dura contra os imigrantes ilegais. Em discurso feito na arena Quicken Loans, em Cleveland, no estado de Ohio, Trump procurou fugir do tema que divide internamente o Partido Republicano. Segundo ele, a maneira mais adequada para unificar o partido é explicar ao povo norte-americano as razões para não eleger a rival democrata Hillary Clinton.
“Nossa convenção ocorre em um momento de crise para a nossa nação”, disse Trump, ao se referir aos recentes tiroteios ocorridos em cidades norte-americanas contra policiais em serviço. “Os ataques à nossa polícia e o terrorismo em nossas cidades ameaçam nosso modo de vida”. Ele foi interrompido por aplausos da multidão que compareceu à arena.
Após afirmar que o país precisa de “lei e de ordem”, Trump lembrou os tumultos que ocorriam em ruas de cidades norte-americanas, na década de 1960, quando a população negra dos Estados Unidos foi às ruas para lutar por direitos civis. Citou também as incertezas que ocorreram nos Estados Unidos depois da queda das Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001.
“Nesta corrida para a Casa Branca, eu sou o candidato da lei e da ordem”, disse Trump, ao ser interrompido pela plateia que gritava “USA, USA” (Estados Unidos, Estados Unidos).
Cleveland
A convenção republicana de Cleveland, que durou quatro dias, foi marcada por divergências internas, lideradas por políticos que não aprovam o estilo agressivo de Trump. Ao longo da campanha, Trump sempre usou palavras ríspidas contra políticos que também queriam submeter seus nomes para concorrer à indicação do partido.
Um desses políticos – o senador do Texas Ted Cruz – chegou a ser vaiado durante a convenção por se recusar a apoiar Trump. Cruz, que ainda tem uma forte liderança dentro do Partido Republicano, justificou sua atitude dizendo que não é “um cãozinho dócil”, e explicou: “Eu não tenho o hábito de apoiar pessoas que atacam minha esposa e meu pai”. Ele se referia ao fato de que, durante a campanha, Trump postou um comentário nas redes sociais comparando a aparência física da mulher de Ted, Heidi Cruz, com a de sua mulher, Melania Trump, que é ex-modelo. Em outro post, Trump fez uma ilação, sem nenhuma base histórica, entre o pai de Ted Cruz, Rafael Cruz, um imigrante cubano, com o assassinato do ex-presidente dos Estados Unidos, John Kennedy.
Outro fato que marcou a convenção republicana foi a acusação de que o discurso de Melania Trump, no primeiro dia do evento, teria sido um plágio de outro discurso feito pela mulher do presidente Barack Obama, Michelle Obama, em uma convenção do Partido Democrata em 2008.
Posteriormente, uma funcionária da empresa imobiliária de Donald Trump veio a público para dizer que ela inadvertidamente fez emendas no discurso que ia ser feito por Melania, tiradas do discurso de Michelle Obama em 2008. (Agência Brasil)
Obama critica pessimismo de republicano
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contestou na sexta-feira (22) o tom pessimista do discurso feito pelo candidato à presidência Donald Trump no encerramento da convenção do Partido Republicano que confirmou sua candidatura. Obama disse que a ideia passada por Trump, de que a América está à beira do colapso, não condiz com a realidade e “não se encaixa com a experiência” da maioria da população.
O Partido Republicano encerrou na quinta (21) à noite a convenção que indicou o magnata Donald Trump para concorrer à eleição presidencial de novembro. Em seu discurso, Trump disse que é o candidato da lei e da ordem e prometeu que, se eleito, dará aos americanos proteção contra ataques terroristas.
O candidato republicano criticou a adversária do Partido Democrata, Hillary Clinton, por ter, segundo ele, deixado ao país “um legado de morte, destruição, terrorismo e fraqueza” durante o período em que foi secretária de Estado norte-americana.
Em entrevista na Casa Branca ao lado o presidente do México, Enrique Peña Nieto, que está em visita a Washington, Obama disse não concordar com a afirmação de Trump de que os Estados Unidos vivem uma onda de violência e criminalidade e contestou os dados.“A criminalidade é menor durante a minha presidência que em qualquer momento durante as últimas três ou quatro décadas”, rebateu.
O presidente reconheceu que, embora tenha havido um “pequeno aumento no número de assassinatos e crimes violentos em algumas cidades este ano”, a taxa de crimes violentos é “muito menor” hoje do que na época do presidente Ronald Reagan e também menor do que quando Obama assumiu o cargo pela primeira vez, em 2009.
Sobre a promessa feita por Trump de combater a imigração ilegal nos Estados Unidos, Obama disse que a taxa de imigração ilegal hoje no território norte-americano é “inferior em dois terços em comparação à época em que Ronald Reagan era presidente”.
Numa alusão ao discurso de Trump, que falou sobre as ameaças aos Estados Unidos representadas pela existência de imigrantes ilegais, de militantes terroristas do Estado Islâmico e da violência contra policiais em serviços nas ruas de algumas cidades, Obama disse que, mesmo com essas dificuldades, “os pássaros ainda cantam” e “o sol ainda brilha” para a maioria dos norte-americanos. (AB)