Varejo ainda enfrenta ambiente difícil
Entre os sinais de alívio estaria uma estabilização na tendência negativa das vendas nos últimos trimestres
Da redação
Um primeiro conjunto de resultados do segundo trimestre de companhias de varejo e consumo no Brasil mostrou um cenário ainda desafiador para o setor, mas com sinais de que o pior da crise econômica pode ter ficado para trás. Entre esses sinais estaria alguma estabilização na tendência negativa das vendas nos últimos trimestres, tendo como pano de fundo uma melhora relativa na confiança do consumidor.
Mas a pressão nas margens dessas empresas e indicadores ainda incertos de variáveis econômicas, particularmente emprego, renda e crédito, mantêm os analistas ainda reticentes sobre um viés mais otimista para o setor de varejo. Dados divulgados no mês passado pela Fundação Getulio Vargas mostraram o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subindo 5,4 pontos na comparação com o mês anterior, maior ganho registrado neste ano e terceiro mês de alta.
Enquanto isso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), por sua vez, mostrou a taxa de desemprego brasileira subindo a 11,3% no segundo trimestre deste ano ao mesmo tempo em que a renda média voltou a cair. "Do que vimos (resultados trimestrais de empresas), é muito cedo para falar em reversão de tendência", reforça o analista João Mamede, do Santander Brasil. "Pode ser um estágio em que os resultados pararam de piorar, mas é cedo falar que estão em processo de recuperação."
O analista Lucas Santoro, da Canepa Asset Brasil, endossa a premissa de que algumas variáveis macroeconômicas ainda jogam contra uma recuperação de vendas no curto prazo, mas também diz não esperar quedas expressivas na base anual como visto em 2015.
A equipe do Credit Suisse, que elevou a recomendação dos papéis da fabricante de cosméticos para "neutra", disse que os resultados do segundo trimestre ainda foram fracos ante 2015 ou 2014, mas que estão melhorando. "Notamos a inflexão nas tendências de vendas no Brasil, em conjunto com estabilidade das despesas operacionais (SG&A) em termos nominais, o que é um bom sinal para a alavancagem operacional", disse a equipe do Credit Suisse, liderada pelo analista Tobias Stingelin, em relatório.
O tom ainda conservador acerca dos números trimestrais do setor de varejo contrasta com a forte reação de algumas ações na semana passada, desproporcional quando considerado o desempenho do período de abril a junho e as perspectivas.
Na ponta negativa, chamaram a atenção Grupo Pão de Açúcar e sua rede de eletrodomésticos e móveis Via Varejo, apesar de alguma melhora das vendas. Analistas, de modo geral, consideraram o resultado da maior rede de varejo do país fraco e poluído com ajustes, bem como ajudado por créditos fiscais, enquanto a Via Varejo sofreu com forte aumento de despesas operacionais.