Ira! se apresenta hoje em Goiânia; confira entrevista
O vocalista do Ira!, Nasi, falou ao ‘Essência’ sobre o show que realiza hoje, em Goiânia, e sobre a importância da música para as mudanças sociais
A banda surge em época de inauguração do rock no País. Contemporâneos ao fim da ditadura, Ira! fez e faz sucesso com a música Núcleo Base. A letra de protesto marcou a carreira da banda, além das canções de amor ao som de batidas da bateria e solos de guitarra. Com 35 anos de Ira!, Nasi e Edgard Scandurra permanecem na formação, que se atualiza, mas permanece com o paradoxo do rock pesado e romântico ao mesmo tempo. Nasi, aqui, conta mais sobre o retorno, os planos futuros e a preparação para o show de hoje. O papo com o vocalista rende e, com abordagens com relação à política atual do País e as mudanças pelas quais passa e já passou, vai além da música.
Como é chegar aos 35 anos de carreira e dois anos de retorno?
São 35 anos de carreira, 54 anos de idade, dois anos de novo Ira!. Estou em um dos melhores momentos da minha carreira. Essa nova fase do Ira! foi muito intensa. Essa formação tem uma química muito legal. Musicalmente, eu acho ela superior a todas as formações que o Ira! já teve. Eu, fisicamente, estou me sentindo muito bem como cantor e como pessoa.
Em tempos que pessoas vão às ruas pedir intervenção militar, suas canções se atualizam. Como que a música se posiciona neste contexto?
É muito triste, e deprimente até, ver que pessoas que nunca viveram uma ditadura militar, não sabem bem o que é isso, pedem a volta dela. Mais triste ainda é ver pessoas que passaram por isso acreditarem que a volta dela seria a solução para alguma coisa. Visto que todo esse mar de corrupção e de injustiça que existe no Brasil é fruto ainda dos tempos de autoritarismo, dos mais de 20 anos que passamos sob censura militar, sob um Estado que se corrompeu totalmente. A música não é uma arma em si, eu, hoje, acredito que a música pode ser muito mais trilha sonora das transformações do que ela vai fazer a cabeça das pessoas para criarem um país melhor. Acho que a gente consegue isso no nosso dia-a-dia como cidadãos, mais do que como artistas, vigiando as nossas pequenas atitudes, muito mais do que procurando em líderes políticos a solução para os nossos problemas.
O que você acha do estigma de ser “um dos roqueiros mais polêmicos do Brasil” e, ainda, associado ao Wolverine?
Não sei se sou um dos mais polêmicos. Acho que minhas polêmicas, pelo menos, nunca foram jocosas, nunca ninguém me viu envolvido em polêmicas por questão de homofobia, ou machismo, ou qualquer espécie de atitude reacionária. Talvez eu não seja tão polêmico quanto as pessoas acham e talvez eu seja até um pouco mais polêmico do que eu mesmo penso.
Vocês pretendem lançar algum álbum inédito por agora? Como está a preparação para o show de sábado?
Sim, já estão surgindo novos temas e estamos conversando sobre o assunto com gravadoras. A nossa ideia é gravar algo entre o fim deste ano e começo do próximo. Mas eu poderia dizer que a nossa ideia, com certeza, é lançar um material novo, um novo capítulo do novo Ira! em 2017. A preparação e a ansiedade é muito boa; temos um histórico de shows muito bons em Goiânia. Sabemos que é uma cidade que, mesmo tendo esse esteriótipo sertanejo, tem uma cena de rock muito forte, com festival, público, né? Nós já passamos por aqui, na volta do Ira!, com a turnê do Núcleo Base, e, agora, nesse novo show, nós, além dos sucessos da banda, vamos mostrar outros lados de músicas, que não tocávamos há anos e que não tocamos na nossa primeira passagem, como O Advogado do Diabo, Na Minha Mente, Amor Impossível e Um dia Como Hoje. Então nos aguardem!